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sexta-feira, 31 de março de 2023

PRÁTICA HABITUAL

Passo momentos tranquilos a ler Ferlinghetti.
Na cabeça da minha aldeia, despenteio na colina da poesia, os seus poemas, para mais tarde oferecer aos pássaros das asas douradas.
Dedilho alguns Blues nas cordas da minha guitarra, e aguardo, como de costume, a entrega de “ A boca da verdade”.
Os náufragos atrevidos, auguram sempre a manhã, embrulhada na crença dos cadastrados, e, enchem a agenda com essa mentirosa suposição. 
Lábios pintados de nojo, há muito que assassinaram o presente, no duelo das almas escondidas, programado para o entardecer das esperanças com fim anunciado.
Não é preciso ser maluco para meter uma pistola na boca. 
(vi isso numa cena de um filme, cujo nome não consigo lembrar).
Sinto que um anjo fugiu de mim, assustado com o grito que humedeci.
Possivelmente irei solicitar um relatório circunstancial, um acordo escrito numa côdea, tão ressequida como a ousadia dos dias felizes.
Nada tenho para esconder, para além daquilo que não pretendo mostrar. 
Tenho no apertar do cinto, o som das doze badaladas, fivelas de nojo guardadas numa colecção de hipóteses, que, há demasiado tempo me estorvam.
Não tenho tecto de abrir.
Só sei que esconderam o sonho, sempre que confiei na roda da sorte absurda .
Dou comigo, sempre de costas voltadas para a azia da felicidade.
Encostado no sofá, queimo todas as lamentações na escala da velha viola.

Gememos os dois.
(é uma prática habitual).


,2019mar_aNTÓNIODEmIRANDA

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