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quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

AQUELA FAMILÍA (Tri[o]logia Profilática)

AQUELA FAMILÍA (Tri[o]logia Profilática)_1
HOMEM RICO, GENTE POBRE !

E o teu pai é um homem rico,
Mija fora do penico.
A tua mãe está sozinha,
Tem no dedo um diamante
Que a põe sempre contente.
Não se lembra do ausente,
Nem quer saber do marido
Quando toma o comprimido.
Um diamante é para sempre.
Mas muitos mais tem a amante
Com ele sempre presente.
O teu pai é um ladrão
Diz sempre que não é sua a culpa.
Sempre que rouba mais um milhão
Acusa o pobre filho da puta.
O teu pai é um bandido
Nunca se cansa de enganar.
Faz-se passar por sério
É esta a novela que tem para te mostrar.
E assim te conta fábulas
Para te envaidecer,
São tantas as lérias cantadas,
Que acabas por adormecer.
Nunca te falou da mentira
Do mundo em que te faz viver.
Ocultou a história verdadeira
Não há pobres de segunda
Nem gente de primeira,
Mas isso não deves saber.
O teu pai é um podre valente:
Dá cabo da vida de muita gente.
 
2016,01
aNTÓNIODEmIRANDA
 
AQUELA FAMILÍA ( Tri[o]logia Profilática)_2
A TUA MÃE É UMA BOA MULHER…

A tua mãe é uma boa mulher.
Embora exemplo para não ser seguido.
Mas ele não dá o que ela quer,
Sempre ausente e tão distante,
Que nem aquele diamante
Que ele um dia lhe ofereceu,
A faz hesitar por um instante
Quando nos beijos do amante
Cai nos braços do Orfeu.
Tem esta forma peculiar
De gostar do fruto proibido.
Não importa o que faz
Se é isso que a satisfaz,
Nem se lembra do marido.
Ele está sempre tão distraído!
Ela tudo sabe do amor comprado,
E daquela vontade sempre a crescer.
Não quer o homem enganado,
Mas acaba sempre por acontecer.
Não tem culpa de gostar.
Compõe-lhe o nó da gravata,
Aconchega o penteado,
Mais um borrifo de perfume
Para mais tarde disfarçar.
Não há queixa nem ciúme
Cada um vai para o seu lado.
Não tem jeito para o poema
Talvez o diga no próximo telefonema
Com palavras de corar.
A tua mãe é uma boa mulher.
… podia ter outra mania qualquer.
 
2016,01
aNTÓNIODEmIRANDA

AQUELA FAMILÍA ( Tri[o]logia Profilática)_3
E TU NÃO ÉS DE DEITAR FORA...

E tu não és de deitar fora
Inteligência distraída
Decência fora de hora
A beleza oxidada
Por orgasmos patológicos
Caucionados por espasmos cosmológicos.
Há quem diga,
Que és uma boa rapariga.
Para não fugir à verdade,
Isso não corresponde à realidade.
Não fiques triste assim,
O papá vai oferecer-te um carro novo,
Com o dinheiro que roubou ao povo,
E a mamã contigo às compras irá.
Crédito aberto,
O amor sempre tão perto,
À distância de um telefonema.
Esquema
Numa lógica perversa
Onde te deitas submersa
Em sonhos tão húmidos que te enferrujam.
Não, não és de deitar fora,
O prazer aí não mora,
É tão longe o teu pensar.
Bijou pret à porter,
Sexo take away,
Eu só digo o que sei.
O teu humor é tão brejeiro,
O que tu gostas é de zumbar.
Tudo em ti é tão foleiro
Nada há para emoldurar.


2016,01
aNTÓNIODEmIRANDA

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