AQUELA
FAMILÍA (Tri[o]logia Profilática)_1
HOMEM
RICO, GENTE POBRE !
E
o teu pai é um homem rico,
Mija
fora do penico.
A
tua mãe está sozinha,
Tem
no dedo um diamante
Que
a põe sempre contente.
Não
se lembra do ausente,
Nem
quer saber do marido
Quando
toma o comprimido.
Um
diamante é para sempre.
Mas
muitos mais tem a amante
Com
ele sempre presente.
O
teu pai é um ladrão
Diz
sempre que não é sua a culpa.
Sempre
que rouba mais um milhão
Acusa
o pobre filho da puta.
O
teu pai é um bandido
Nunca
se cansa de enganar.
Faz-se
passar por sério
É
esta a novela que tem para te mostrar.
E
assim te conta fábulas
Para
te envaidecer,
São
tantas as lérias cantadas,
Que
acabas por adormecer.
Nunca
te falou da mentira
Do
mundo em que te faz viver.
Ocultou
a história verdadeira
Não
há pobres de segunda
Nem
gente de primeira,
Mas
isso não deves saber.
O
teu pai é um podre valente:
Dá
cabo da vida de muita gente.
2016,01
aNTÓNIODEmIRANDA
AQUELA
FAMILÍA ( Tri[o]logia Profilática)_2
A TUA MÃE
É UMA BOA MULHER…
A
tua mãe é uma boa mulher.
Embora
exemplo para não ser seguido.
Mas
ele não dá o que ela quer,
Sempre
ausente e tão distante,
Que
nem aquele diamante
Que
ele um dia lhe ofereceu,
A
faz hesitar por um instante
Quando
nos beijos do amante
Cai
nos braços do Orfeu.
Tem
esta forma peculiar
De
gostar do fruto proibido.
Não
importa o que faz
Se
é isso que a satisfaz,
Nem
se lembra do marido.
Ele
está sempre tão distraído!
Ela
tudo sabe do amor comprado,
E
daquela vontade sempre a crescer.
Não
quer o homem enganado,
Mas
acaba sempre por acontecer.
Não
tem culpa de gostar.
Compõe-lhe
o nó da gravata,
Aconchega
o penteado,
Mais
um borrifo de perfume
Para
mais tarde disfarçar.
Não
há queixa nem ciúme
Cada
um vai para o seu lado.
Não
tem jeito para o poema
Talvez
o diga no próximo telefonema
Com
palavras de corar.
A
tua mãe é uma boa mulher.
… podia
ter outra mania qualquer.
2016,01
aNTÓNIODEmIRANDA
AQUELA
FAMILÍA ( Tri[o]logia Profilática)_3
E TU NÃO
ÉS DE DEITAR FORA...
E
tu não és de deitar fora
Inteligência
distraída
Decência
fora de hora
A
beleza oxidada
Por
orgasmos patológicos
Caucionados
por espasmos cosmológicos.
Há
quem diga,
Que
és uma boa rapariga.
Para
não fugir à verdade,
Isso
não corresponde à realidade.
Não
fiques triste assim,
O
papá vai oferecer-te um carro novo,
Com
o dinheiro que roubou ao povo,
E
a mamã contigo às compras irá.
Crédito
aberto,
O
amor sempre tão perto,
À
distância de um telefonema.
Esquema
Numa
lógica perversa
Onde
te deitas submersa
Em
sonhos tão húmidos que te enferrujam.
Não,
não és de deitar fora,
O
prazer aí não mora,
É
tão longe o teu pensar.
Bijou
pret à porter,
Sexo
take away,
Eu
só digo o que sei.
O
teu humor é tão brejeiro,
O
que tu gostas é de zumbar.
Tudo
em ti é tão foleiro
Nada
há para emoldurar.
2016,01
aNTÓNIODEmIRANDA
Sem comentários:
Enviar um comentário