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sexta-feira, 24 de julho de 2015

CRÓNICAS E MELIDES (11)

Passo os dias tranquilos aqui na praia de Melides. Há tanta areia que não existem ampulhetas para a meter. (conversa entre 2 alentejanos). Um não que persistentemente me tenta acordar e, embora a minha indiferença, não lhe diga respeito, o que é um facto, é que temos contas a ajustar. São  dias que lavam o tempo, gastos numa calma lenta, acesa numa fogueira que arde sem pressa. É esta a circunstância que me dá o ritmo, que me descalça e descansa e depois as outras coisas que me fartam. Não vou mentir. É um facto que em relação a muitas pessoas que encontro, repetem-se as palavras que automaticamente fomos dizendo. Esta circunstância, define-nos como estando a ficar mais usados, a maioria mais velhos. E isso, não nos trouxe qualquer sabedoria. As boas intenções, quando não passam de isso mesmo, são sempre mentirosas. Seria boa ideia vê-los menos vezes. Não é má vontade da minha parte, mas, honestamente devo dizer, que esta hipótese é deveras interessante. Gosto de estar no meu altar, onde tenho a exclusividade de mudar as flores da jarra onde gosto de mijar. Mentiria se fosse santo. Gosto de algumas conversas que me chegam aos ouvidos, a maior parte com um humor configurado na mais perfeita estupidez. Adoro um cretino qualquer, berrando a queixar-se da lentidão da internetii. O skype aqui não funciona bem! Ouço-te aos soluços e a esta hora posso garantir que ainda não estás bêbado. Esta é uma factualidade comprovada pelo ladrar do cão, farto de o aturar. (Não, não há problema, a minha mulher está a ver a novela. Claro que não me esqueço de ti).Este tipo de confidências não me atrai de todo e o mesmo acontece com ele. Nunca sou capaz de pensar no dia do resto da minha sorte. Ela, a falta dela e eu, nunca acreditamos nessa possibilidade. Temos tácticas diferentes, admitimos outras coisas. Poderão haver manhãs sangrentas que nunca terão nada a haver com noites de gloriosa volúpia. A memória é curta. A mentira nem sempre está do nosso lado. Existirão histórias que terão a haver com isto. Tão pouco me importa. 




2015melidesaNTÓNIOdemIRANDA

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