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segunda-feira, 23 de dezembro de 2024

DEZEMBRO E OS OUTROS TEMPOS

 



Ilustração Sandra Filipe





Ilustração: Sandra Filipe

Ilustração : Sandra Filipe



Ilustração : Sandra filipe

 




Ilustração : Sandra Filipe





Ilustração : Sandra Filipe






 
Ilustração : Sandra Filipe



















domingo, 22 de dezembro de 2024

FANTASIAS DE NATAL

 
Não sei se terei o tempo para ter o momento para te mentir no engano mais verdadeiro.
Nada sei de calendários com nomes estranhos que definem dias para vontades nunca apetecidas. Fico-me por Janeiro não por ser o primeiro mas porque Dezembro tem um calor que já não me aquece. Roubo figuras do presépio poupando-as assim ao desconforto de um choque eventualmente patético. Agora são cromos pousados num musgo com características normalizadas. Queimei assim as palhas para incendiar natais onde só isso faltava. Fingia a alegria imitando o olhar infeliz da criancinha e adormecia com a repetida frustração de mais um par de meias de duvidosa qualidade. Na manhã seguinte toda a gente sorridente mas nada era mesmo o nada e o resto nunca diferente. Os anjos de chocolate com asas deficientes, animavam o José e a Maria arrependida. O burrinho constipado, o menino cagado e alguém agoniado queimava incenso para disfarçar o cheiro da erva.



,2016,05.aNTÓNIODEmIRANDA
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sábado, 21 de dezembro de 2024

PUTOS & MENINAS

 


Encontram-se em - “Gemes Sessions” 
Em Paris é diferente - Diz o intelectual inteligente
Trocam fotos de cores mentirosas – Prova evidente – De que os grandes fotógrafos estão mortos - Escrevem obedecendo a um manual de suposições cristalizadas – Nos intervalos entretém-se a bajular auréolas de um mau gosto narcisista – Chupam imperiais - como se fossem champanhe - e arrotam postas de pescada “low coast”  - e mal congelada Não falham a apresentação - e recitam a sopa de feijão podre - como se fosse um ex-libris da - “ciber-cu-linária”
Em Paris é que é bom - Mente o intelectual morcão - Pobre malária - Tão incultamente calcificada
Sempre preocupados com a sua ânus
“(h)ânus_orabilidade” - insurgem-se em grupo contra quem enferrujou a sua talha oxidada
Tende  - piedade - de mim
Eu que só sei - ser assim -  quieto - no meu modo sereno - rejeitando mortalhas sem qualquer sapiência
A história é um acto repetido
A pretensão é um dejecto mais que cagado
Estou fora - Devagar - Apressadamente devagar 
- Vagarosamente apressado - Só fico onde desejo – estar - Já não ouço tudo - E há muito que não entendo aquilo que não me - interessa - Vou assim
- Cortando curvas - Endireitando a estrada – 
Calmamente - Saboreando só a minha azáfama
- Porque o resto
- São putos e meninas


2016,12aNTÓNIODEmIRANDA
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domingo, 15 de dezembro de 2024

APENAS SONHAR

 


Apenas sonhar
com 1 verbo diferente.
Uma perspectiva aderente
à amplitude
do meu não estar.
1 Incómodo somente
a divagar num sofá
com o couro adormecido
pela minha constante
frequência.
Uma sensação habitual
tão estranha
como o tempo
em que não sou
presente.
1 Encosto repartido
encolhido
num grito distante
perto do tempo
onde caiem todos os lamentos.
Apenas sonhar
1 Verso
sempre presente
e um sorrir
sem préstimo algum
às vezes
como se fosse
Gente


2016,12aNTÓNIODEmIRANDA
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AMY W.

 


No último degrau do sonho que deixaste, 
doí-me demasiado o não poder ouvir-te, 
e o meu coração é um copo de vinho 
que nunca molhou o teu penteado. 

O mundo sempre aborrecido, 
desprezou o teu olhar de sereia atrevida, 
navegando o tempo que não te quis merecer.
 
As boas estrelas voltam ao sonho, 
acompanhadas de um sax que grita ajoelhado, 
o tímido amor de só te quer beijar. 

No teu céu, estará à espera 
um cálice sempre cheio de saudade.

Aqui, vou rasgando aqueles aplausos 
que tanto te enganaram.







2017set_aNTÓNIODEmIRANDA
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FAHRENHEIT

 


A minha carruagem está a chegar.
Não me lembro de uma só vez em que esta 
cidade desse pela minha presença. 
Não pretendo o amanhã como outro dia.
Já não tenho tempo para coisas inúteis.
Deixo-vos essa angústia enquanto 
vou estrelar o céu.
Como é que estão?
Sentem-se bem?
Não acredito.
É melhor tomarem qualquer coisa que não 
deprima a hipótese do habitual.
Hey, baby.
Tardas em aparecer.
Tenho para ti as flores que roubei
 daquele pomar 
infestado de olhares curiosos, 
onde só queríamos esconder 
o destino da lua. 
Tínhamos sempre que fugir pela porta 
das traseiras, 
lambendo um chão conspurcado 
por uma lei que sempre ignorou o respeito 
que nos era devido.
Eram tão corriqueiros os sons das sirenes, 
que enrolávamos o medo
 em mortalhas cheias de nojo.
Tocávamos as mãos num azul que nos traía, 
e juntávamos os lábios com decibéis de 
fahrenheit (s) proibidos.


,2017nov_aNTÓNIODEmIRANDA
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sábado, 14 de dezembro de 2024

MANIAS DE UM NÃO POETA INEQUIVOCAMENTE MAL DISPOSTO

 


Retrato usado
A vida qual verme 
- hábil rasurador 
de currículos batoteiros

Há um olhar que me assassina 
uma língua maldosamente escalada 
só para atingir a impossibilidade
da minha razão

Desconheço o que fazer com tanta 
obrigação 

Cada vez que a tento matar 
ela foge como se fosse feliz 

Visto
esta capa de desilusão 
nas tristezas vividas 
que não sei reparar


,2023Dez01_aNTÓNIODEmIRANDA
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LISBOA LOGO À NOITE

 


Os candeeiros
já não dormem em sossego.

Não entendem
a linguagem das conversas
que entopem o ressoar
das sirenes da emergência médica.

Escorrem da salada dos shots
vómitos imbecis
que chutam para a rua
baratas tontas com piercings
enferrujados.

Lisboa,
é uma cretina visão
fedendo a uma loucura
sem ponta por onde
se lhe pegue.

Maldito jogo
destes matraquilhos batoteiros.



,2020Fev_aNTÓNIODEmIRANDA
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NA TRAIÇÃO DO SILÊNCIO



 A minha vida é um divórcio

Pé ante pé 
no cais de promessas falidas 
enterro o imaginário

Este começo sem princípio nem fim
deixa de tentar pintar pedras 
na memória

Na traição do silêncio
empenhei a última vontade


,2023Dez13aNTÓNIODEmIRANDA
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ILUSIONISTA

 


Mal         me 
                chamaste 
encerraram 
        as portagens 
do paraíso 

Um aceno machucado 
continua a cumprimentar
ausências



,2023Dez13aNTÓNIODEmIRANDA
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domingo, 8 de dezembro de 2024

A SOMBRA DE DEUS

 


Estranha linguagem falava de poesia no leilão das palavras sem letras. As metáforas foram desviadas para a secção do silêncio privado. Os lotes mais atrevidos secretamente consignados a troco de chorudos resgates. Há um ninho apodrecido pela ganância de habituais curiosos. Detesto personagens. Trago o mundo na malga das frustrações ilustradas pela coragem do monitor. Soluço moribundo. Lembranças destroçadas. Fobia estereotipada. Alma enforcada. Os livros ardem apressadamente. Fartaram-se das brincadeiras dos profetas curiosos. Fui sequestrado por um arco-íris. Na minha cabeça há um comboio de inquietações sem catalogação possível, escondendo visões numa maratona de demências. Janela insensata alucinações digitalizadas grito que afaga suavemente confeitos envinagrados argamassa roída coma esquelético ossos braseados cuspidos com todo o desdém por visionários do subúrbio, apalpando o êxtase das entranhas deixadas ao abandono nos insuspeitos mictórios do cinismo misericordioso. Panfletos contra a opressão das vidraças indigestas. Incógnito, o pianista de jazz iludindo o azar a duzentas rotações por minuto. Crepúsculo contemplando a cópula no caos do líder instantâneo, tatuada no prazo de validade da eternidade. Bactérias antiaéreas invadem vómitos frenéticos aplaudidos num bordel de virgens electrificadas. 
 Psicoestimulante colérico escravizado pelos embaixadores da maldade. 
A rosa enlameada das asas loucas oferecendo vazios sem fim. Diálogo de defuntos aquecido por velas cristalizadas com fragâncias da nojenta oligarquia do Kremlin. Pedófilos ainda não castrados regendo a ilusão. Confissão mágica emprenhando paixões distraídas acampadas no viaduto da burocracia. Caridade sinistra oferecendo exéquias requentadas a arcanjos desossados. Solidões nuas pregadas na cruz de onde fugiu um manequim que nunca aceitou a cegueira escrita na indecência dos boletins das submissões. Mentalidade absurda para podar cabeças empaladas em postes benzidos. De nada vale a pressa na prisão sem fuga possível. A cicatriz da viagem permanecerá violentamente intacta.
Na peça de teatro celebra-se a morte perante o aplauso complacente da sombra de deus.







,2023Dez06e7_aNTÓNIODEmIRANDA
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WD-40

 


Impávido mas não sereno 
no meio da circulação congestionada, 
já não aguentava a artrite 
nem as queixas da artrose.
Mudou de via e entrou religiosamente 
no posto de abastecimento.
Uma simples água das pedras 
temperada com abundantes salpicos 
do milagreiro WD-40, 
seria o suficiente para o aliviar.
Ligou o compressor, 
ajustou o volume, 
agitou a disposição 
e começou a ouvir a sua canção preferida.
O relatório das análises indicava 
uma substância incomum nas fezes. 
Pouco lhe importava!
Não fazia tenção de o mostrar ao médico.


,2017fev_aNTÓNIODEmIRANDA
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SE ESCREVEREM À MINHA TRISTEZA…

 


Não sei e não tenho vergonha.
É-me estranha a peçonha recolhida na palha onde aqueci estrelas não sintonizadas com a harmonia dos horóscopos. Não sei escrever um suflê da mais digna maneira que tanta canseira me produz quando desagua em offshores emporcalhados onde engordam panças geradas pelo suor do pobre. Não sei nada dos amantes ousados num script onde nada pintei. Não sei dar corda a este relógio que tanto me abusa e se recusa a lamber-me um só minuto de intervalo. Não sei de não gostar. Não sei sugerir opções contrárias a uma mania que acorda sempre na minha cabeça. Não sei fazer nada que não me apetece, agora que já posso silenciar o despertador com um tiro retardador dirigido pela  minha aptidão de não admitir interferências litigiosas direccionadas à minha alheia susceptibilidade. Não sei.. Não sei porque o meu cão deixou de gostar da ração. Não sei porque continuo a caminhar assim. Como se não quisesse magoar as águas do rio que corajosamente zela pela ferrugem da minha âncora. Não sei que horas tenho embora me tivessem prometido que isso seria uma questão de dias. Não sei que sonhos pintar agora que os segundos foram passar a noite na ópera. Não sei que lâmina usar para fatiar contratempos não convidados. Não sei. Procuro só os passos que me levarão ao encontro de um coração desclassificado.
Se escreverem à minha tristeza, por favor não lhe digam como eu me sinto.


,2016,04,08,03,30h_aNTÓNIODEmIRANDA
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sábado, 7 de dezembro de 2024

GÂMBIAS À LA PLANCHE

 


todas as cidades são distantes para esta mala de liga leve -  despachada no vagão J - em pequena velocidade
Na roda da alimentação da fome escondida -  sintonizo a alma numa onda mal frequentada  - cujo cheiro a Rexona -  faz-me pensar numa rima foleira
(esta ideia é patrocinada pelo equilíbrio estável - que a minha defeituosa acessibilidade permite)
Até dizem que tenho um coração de anona - mas não abandonarei nunca a sensibilidade - que invariavelmente me encaminha para uma travessa recheada de perceves.


,2020Mar_aNTÓNIODEmIRANDA
poemanaalgibeira.blogspot

MAP - Mostra de Artes da Palavra está em Templo da Poesia. 29 de novembro às 15:23 · Oeiras · 𝑪𝒂𝒇𝒆́ 𝒅𝒐𝒔 𝑷𝒐𝒆𝒕𝒂𝒔: 𝑬𝒔𝒑𝒆𝒄𝒊𝒂𝒍 𝑵𝒂𝒕𝒂𝒍 ~ 17 𝑫𝒆𝒛𝒆𝒎𝒃𝒓𝒐 𝑐/ 𝑙𝑎𝑛𝑐̧𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑑𝑒 𝑙𝑖𝑣𝑟𝑜𝑠 𝑒 𝑖𝑛𝑡𝑒𝑟𝑣𝑒𝑛𝑐̧𝑎̃𝑜 𝑝𝑜𝑒́𝑡𝑖𝑐𝑜-𝑚𝑢𝑠𝑖𝑐𝑎𝑙

https://www.facebook.com/oeirasmap?__cft__[0]=AZVDX7zKSUJFYj1xE_LQz7x7ibogIyCg7sc6C6QbtAXYnvpLfM30mAwy51548qEPUSifofQkhVxisql4I8BoQV6IWeg_p913PGQnf9HvRcRmh34kFZjbUyjkKd7QXYwcTuiFgixANZiErVICTvG7n8C48zLiXafePZbLLKXTEvHgNn-NIVeRPpBBT63eYPy0wZtA9wYU5YJlQnGkYjCIs32B&__tn__=-]C%2CP-y-R 


𝑷𝒓𝒐𝒈𝒓𝒂𝒎𝒂
𝐿𝑎𝑛𝑐̧𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑑𝑜𝑠 𝑙𝑖𝑣𝑟𝑜𝑠
_ ‘𝐷𝑒𝑧𝑒𝑚𝑏𝑟𝑜 𝑒 𝑜𝑠 𝑂𝑢𝑡𝑟𝑜𝑠 𝑇𝑒𝑚𝑝𝑜𝑠’ 𝐴𝑛𝑡𝑜́𝑛𝑖𝑜 𝑑𝑒 𝑀𝑖𝑟𝑎𝑛𝑑𝑎
_ ‘𝐷𝑒𝑣𝑖𝑎𝑠 𝑀𝑢𝑑𝑎́-𝑙𝑜𝑠 𝑂𝑛𝑡𝑒𝑚 𝑑𝑒 𝑃𝑙𝑎𝑛𝑒𝑡𝑎’ 𝐺𝑎𝑏𝑟𝑖𝑒𝑙𝑎 𝐿𝑢𝑑𝑜𝑣𝑖𝑐𝑒 
_ ‘𝐼𝑚𝑝𝑜𝑠𝑠𝑖́𝑣𝑒𝑙 𝐷𝑎𝑑𝑜𝑟 𝑑𝑒 𝑆𝑎𝑛𝑔𝑢𝑒’ 𝑚. 𝑝𝑎𝑟𝑖𝑠𝑠𝑦
𝐶𝑢𝑟𝑎𝑑𝑜𝑟𝑖𝑎 𝑒 𝑎𝑝𝑟𝑒𝑠𝑒𝑛𝑡𝑎𝑐̧𝑎̃𝑜: 𝑀𝑖𝑔𝑢𝑒𝑙 𝑀𝑎𝑟𝑡𝑖𝑛𝑠 
𝑃𝑜𝑒𝑠𝑖𝑎: 𝑀𝑖𝑔𝑢𝑒𝑙 𝑀𝑎𝑟𝑡𝑖𝑛𝑠, 𝐽𝑜𝑠𝑒́ 𝐴𝑛𝑗𝑜𝑠, 𝑁𝑢𝑛𝑜 𝑀𝑖𝑔𝑢𝑒𝑙 𝐺𝑢𝑒𝑑𝑒𝑠, 𝑃𝑎𝑢𝑙𝑎 𝐶𝑜𝑟𝑡𝑒𝑠, 𝑃𝑎𝑡𝑟𝑖́𝑐𝑖𝑎 𝑅𝑒𝑙𝑣𝑎𝑠 
𝑀𝑢́𝑠𝑖𝑐𝑎: 𝐿𝑢𝑖́𝑠 𝐵𝑎𝑠𝑡𝑜𝑠 𝑒 𝐹𝑖𝑙𝑖𝑝𝑒 𝑉𝑎𝑙𝑒𝑛𝑡𝑖𝑚
𝐸𝑠𝑡𝑒 𝑒𝑣𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑐𝑜𝑛𝑡𝑎 𝑎𝑖𝑛𝑑𝑎 𝑐𝑜𝑚 𝑜 𝑎𝑝𝑜𝑖𝑜 𝑑𝑎 𝐴𝑠𝑠𝑜𝑐𝑖𝑎𝑐̧𝑎̃𝑜 𝐿𝑢𝑐ℎ𝑎𝑝𝑎. 
🗓️Dia 17 Dezembro às 21h30
📍Templo da Poesia (Oeiras)
Co-produção: @municipiodeoeiras
Apoio: @bibliotecasmunicipaisdeoeiras



E QUE A BELEZA NUNCA NOS ABANDONE

 


Rogai por nós
Anjos falidos pecadores 
não arrependidos 
profetas da solidão.
Só vós sabereis os infindáveis desígnios da beleza 
as mentiras em nome dela pintadas 
e porque não a gloriosa malvadez das suas promessas.
E vós deuses da decadência que nos amola 
tirai-nos deste abandono 
orai pelo infinito da nossa indignação 
não dos deixeis cair nesta insistente batota  
nem na paixão que nos atormente.
E que a beleza nunca nos abandone.


,2022dez_aNTÓNIODEmIRANDA
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BEIJOS À LA CARTE

 


Beijos para as manhãs que não prometem dias mentirosos
Beijos para os que danificam inquietudes matreiras
Beijos para as circunstâncias verdadeiramente importantes
Beijos para os que fazem companhia aos sagrados silêncios
Beijos para os anúncios deixados nas paredes dos wc
Beijos para os que inventam paixões assolapadas
Beijos para as solidões gloriosas
Beijos para os frequentadores das conclusões não sóbrias
Beijos para os amantes ofendidos
Beijos para a punição das consciências sifilíticas
Beijos para os náufragos dos paraísos artificiais
Beijos para os que nos momentos desabrigados 
ainda teimam em oferecer cardumes de felicidade
Beijos para os vagabundos celestiais
Beijos para os colóquios nos velórios
Beijos para as fantasias ousadas
Beijos para os abandonados
Beijos para os azarados
Beijos para os excomungados da sorte
Beijos para os exagerados do infortúnio 
Beijos para os prazeres húmidos
Beijos para os autoclismos não avariados
Beijos para os orgasmos imaginados
Beijos para a importância da não importância
Beijos para os olhares perdidos nas avenidas solitárias
Beijos para os exilados da virtude
Beijos para os desterrados da ignorância
Beijos para a sabedoria do Google e dos Downloads
Beijos para as surpresas raramente inesperadas
Beijos para as janelas indiscretas com segredos mal guardados
Beijos para os futuros inventados
Beijos para os clandestinos
Beijos para os que dizem mal de tudo porque são mesmo parvos
Beijos para os que rejeitam a cretinice aguda
Beijos para alguns pés descalços
Beijos para o deslizar das sandálias ortopédicas
Beijos para os gemidos envergonhados
Beijos para as gloriosas pívias batidas ao ritmo do “Trik Trik” quando ouvíamos o “Goodbye my love goodbye” do enorme Demis Roussos
Beijos para os filósofos anónimos sem explicações complicadas
Beijos para a justa causa de matar a perversidade da justiça
&
Abraços para os que ainda se dão ao trabalho de se lembrarem de mim


,2021Dezembro_aNTÓNIODEmIRANDA
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