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domingo, 15 de dezembro de 2024

FAHRENHEIT

 


A minha carruagem está a chegar.
Não me lembro de uma só vez em que esta 
cidade desse pela minha presença. 
Não pretendo o amanhã como outro dia.
Já não tenho tempo para coisas inúteis.
Deixo-vos essa angústia enquanto 
vou estrelar o céu.
Como é que estão?
Sentem-se bem?
Não acredito.
É melhor tomarem qualquer coisa que não 
deprima a hipótese do habitual.
Hey, baby.
Tardas em aparecer.
Tenho para ti as flores que roubei
 daquele pomar 
infestado de olhares curiosos, 
onde só queríamos esconder 
o destino da lua. 
Tínhamos sempre que fugir pela porta 
das traseiras, 
lambendo um chão conspurcado 
por uma lei que sempre ignorou o respeito 
que nos era devido.
Eram tão corriqueiros os sons das sirenes, 
que enrolávamos o medo
 em mortalhas cheias de nojo.
Tocávamos as mãos num azul que nos traía, 
e juntávamos os lábios com decibéis de 
fahrenheit (s) proibidos.


,2017nov_aNTÓNIODEmIRANDA
poemanaalgibeira.blogspot.com

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