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terça-feira, 11 de junho de 2024

DIMITRIUS “O GREGO” – TESSALÓNICA

 


Dimitrius não era homem de grandes falas.
Nunca se dedicou à venda de esculturas 
(formato A5, made in China), 
de  Zeus –Apolo - Eros – Hércules -  Dionísios 
e outros que tais.
Portanto raramente falou com eles. 
Para que conste.
Enrolava vagarosamente cigarros,
enquanto sentado no cais,
mirava pelo canto do copo, 
já com mais de ½ dose entornada de Ouzo,
as mini saias das turistas que desciam o passadiço.
Colocava então 
o seu olhar mais guloso, 
endireitando ao mesmo tempo
a sua camisola de marinheiro nunca sido.
Puxava as meias brancas até à barriga das pernas
não fosse estas palermas
reparar nas varizes teimosas e de mau cultivo.
Arranhava o francês, também o inglês
de modo convenientemente exagerado.
Já o alemão, deixava-o cansado.
E o que é certo, é que mesmo derreado 
e com  muito custo
atrevia-se ainda a ir atrás delas.
Dimitrius  na sua boa-fé,
ortodoxamente escanhoada,
pensava às vezes, 
isto é quando o Nótios tinto 
não lhe toldava a ideia,
quantos filhos teria espalhados 
pelos países onde nunca tinha ido
e achava estranho 
que eles não falassem a sua língua.
Dimitrius nunca se despedia dos cruzeiros.
Só gostava da sua chegada.
Dimitruis era um bom homem.
Era um regalo vê-lo à sexta-feira
repartir a sua refeição preferida:
O pregado
temperado
com ramos de oliveira.





(Barco Barreiro/Lisboa. Depois da leitura de poemas na Partícula de Deus, com Patrícia Baltazar, Miguel Martins e Filipe Homem Fonseca).







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poemanaalgibeira.blogspot.com

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