Já não nos vemos.
Resta-me um álbum de fotografias para falar contigo. Já não tenho companhia para a cabeça de garoupa, nem o olhar cúmplice para construir com sorrisos aquele puzzle de espinhas.
Tenho saudades das nossas gargalhadas, das mãos besuntadas, e dos copos do tinto bebido com amizade especial.
Não gosto das traições que a vida vai pendurando no meu capote.
A sombra da nossa árvore, despeja-me lágrimas que não conseguem adoçar este pudim com molho de dor.
Onde estás?
Eu não sei como procurar.
Engano-me neste caminho sem encontro possível.
Só quero adormecer nas esquinas que não prometem a tua presença.
Estou farto dos fantasmas que ilustram os meus desejos, das angústias que nunca resolverei.
Mas, o certo, é que não me apetece tocar as nossas músicas.
Estou cansado de mim.
Dos elogios para a tua ausência.
Vou desligar esta mania, que pensa falar connosco.
Não quero mais carimbar
a absurda esperança do teu regresso.
,2019mar_aNTÓNIODEmIRANDA
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