Ao milésimo dia acordou.
Mandou aparar a bondade,
sentou-se na esperança mentida,
barbeou o desgosto,
pôs-se em guarda,
e, retirou do cofre
a vacina fora de prazo.
Sem validade
continuam os discursos da boa nova.
Mirou o ferrari,
sacudiu o monge que fingia de motorista,
retocou o calendário penteado com a infâmia das expectativas.
Guardou o bolor no relicário,
longe da cobiça do olhar dos não ignorantes.
Retirou do cardápio as
“notas de um velho nojento”,
e ensebou carinhosamente
a paciência dos cretinos.
Rega todos os dias a bandeja dos desgostos
que provoca,
com vómitos cómicos.
,2020abr_aNTÓNIODEmIRANDA
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