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segunda-feira, 18 de maio de 2020
NO PALCO DOS SONHOS
ACTO1
No intervalo do ápice,
saltita a vírgula apressada
que perante a ausência do aplauso,
faz uma pausa agradecida,
ensaiando vénias fora de uso.
O público humedecido
sai pela porta do fundo,
levando escondida
a récita que o emudeceu.
Nada disto constava no cartaz,
nem tal foi aflorado na conferência de imprensa.
A crítica sabiamente enaltece
a falta de interesse
abundantemente manifestada.
No teatro vazio,
fantasmas nostálgicos
brincam com as mais loucas coreografias.
No palco dos sonhos,
baratas julgadas tontas
podem agora jogar ao berlinde.
ACTO2
Acordou a máscara.
Pendurou a maquilhagem.
Farto de ser ele próprio,
vestiu a personagem para que tudo
voltasse ao princípio.
Aliviado,
cortou a cena em pequenos actos
e cozinhou com todo o amor
a sopa dos pobres.
ACTO3
3 pancadas
atingiram a sua fé!
Nunca mais voltou a ser o mesmo.
ACTO FINAL
Correu-se o pano,
que foi dobrado em mil mortalhas.
Congelou os soluços
que escorriam pelos pulsos.
,2017,mai_.aNTÓNIODEmIRANDA
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