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sábado, 8 de setembro de 2018

DESPEJADO

DESPEJADO
 
Nem um tusto na algibeira.
Sonhei a vida inteira que isto nunca mais iria acontecer.
Olhava as estrelas do meu céu, tapava-lhes os sonhos com o véu chorado da minha tristeza.
Nem um tusto na algibeira.

Sorrir sem jeito nem maneira,
cobrir as lágrimas de todos os caminhos,
só com a revolta dos sonhos devorados.
& as morfinas sempre ausentes,
naqueles sorrisos que não me pertencem.
Quebro galhos que não quero queimar,
e penosamente entranho na solidão,
este frio que me desampara.
Não me lembro da última vez que tive coragem de abrir a porta do frigorífico.
Mesmo aquela do folheto, que nunca se indignou, com a falta de uma qualquer condição.
Miro sem cobiça matrículas de automóveis, na eventualidade de achar uma capicua com as iniciais da minha sorte.
Até isso é uma falha habitual.
Sentado na lona dos desejos chorados, aqui na travessa, onde costumavam dizer o meu nome, olho indiferente para aqueles que vasculham a minha identidade, agora transformada num despejo de esqueletos.
Pensavam que nada prestava.
Mas, é assim, que sempre agem os abutres.
 
2018Set_aNTÓNIODEmIRANDA
 
 

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