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terça-feira, 30 de setembro de 2014

CRÓNICAS DE VILA CHÃ (1) : 2014set20

Gosto do sorriso do Rogério. Olha-me com toda a sinceridade e respeito e pensa com os seus poucos botões, é pá! Este gajo é um grande maluco. Conta-me aquilo que só para ele tem valor: coisas da sua vida. Gosto sempre das suas visitas, e sobretudo da sua simplicidade verdadeira. Do seu modo de viver o tempo. Gosto de ouvir, quando na despedida diz-me para ficar com deus. Hoje disse-me muito timidamente para eu lhe fazer um favor: ó senhor ...miranda, deixe de fumar. Vai-se embora, amparado pelo seu bordão. Não me custa nada a acreditar que seja ele o seu único e inseparável amigo. Conta-me que a vida para ele nunca foi fácil e há uns anos para cá que não dorme uma noite completa. Mas, porquê? São problemas.
Falamos geralmente á noite com palavras molhadas por uns copos de tinto. Vou sabendo, melhor conhecendo, muitas coisas que sem ele me passariam ao lado.
Continuo com nefasta e inevitável certeza: uma manifesta falta de solidariedade entre pessoas que sendo tão poucas e que conhecendo-se ao longo de tanto tempo, teimam em não assumir aquilo que é o único modo de se sentirem menos sós: tentarem estar juntos. As pessoas são difíceis, mas sei perfeitamente que há muito tempo que até os “burros” desistiram de puxar a corda pelas pontas.
Não sabemos o dia de amanhã, dizem-me. Eu pergunto :hoje fizeram alguma coisa diferente de ontem?
Não me lembro! A inevitável resposta.
Resignar a uma vivência melhor, significa a demissão da aceitação de uma condição digna.
As pessoas estúpidas têm amigos imaginários.
Obrigado amigo Rogério.
 
antóniodemiranda

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