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sexta-feira, 13 de setembro de 2024

CORAÇÃO ALFARRABISTA

 


Que mortes me fizeste ver, louco diamante sempre a brilhar na tristeza desta pele roída. 
Lembrar para quê? 
O caminho mostra - me o acaso, calca a angústia, e segreda nas orelhas da lua, o engano do encanto do pôr-do-sol. 
Agradeço com um adeus envergonhado, 
a despedida estampada na minha escada.
ESTÁ UM TEMPO ANIMADOR PARA QUEM ACREDITA EM ALDRABICES
Eu poderia acordar, apertar no cinto dos mil sonhos brilhantes, os gritos de couro, e de joelhos dobrados, provar o chicote oferecido pelo amor não leviano.
FANTASIAS PECADORAS VESTIDAS COM A PELE DA CORAGEM
Disfarçam os medos que a usam.
E quando os sinos chiarem no teu leite derramado, irás ver que a surpresa será sempre a tal mentira apetecida. 
Começarás a andar ao terceiro dia, ainda que de um modo esquisito, mas se estivesses atento, terias lido que a folha de reclamações serviu para te limpar o cu. 
Bem que avisei que o meu milagre seria sempre mais eficaz, com o senão de não estares presente. 
OS HÁBITOS ESTÃO DIFERENTES. A ESTUPIDEZ É QUE NÃO
O tempo acabará por esquecer esta dor, nas horas que aguardam nos suspensórios da morte, a alegre notícia do abismo. 
A quem entregar pétalas desoladas, cansadas de uivar nomes sem voz? 
Cuida de mim, anjo da malvadez, poema sangrento que não consegue voar nas tuas botas de cetim. 
Perdi o teu abraço, cansei-me na escuridão da alma e do seu mentiroso divagar. 
Já não ouso sonhar! 
Este frio covarde cobre a esperança que agora me trilha.  
Já não sinto o sabor do vento, com a sua oferta 
de afectos embrulhados no brilho das lâminas.
Quero voltar – Fugir – Encontrar 
– Destruir o destino – Enferrujar o tino  
Assassinar o escravo que julgam me tornei 
– Encurtar o convite desse cinto de fivelas nojentas. 
O que é feito de ti, pássaro do voar envergonhado, canto de querubim nessa viagem da esperança fraudulenta?
Já não acreditas no meu abraço, já não pousas no meu acenar,
TERNURA CHICOTADA NO ESCURO 
Porque esperaste tanto tempo?  
Declamava o coração alfarrabista.
Uma agulha entrega a esperança na dor da tua única realidade suada na cadeira mentirosa.
Nem sempre gostei da vida. 
Apenas pensei que era assim que se amava, e conservo na memória possível, lágrimas que nada têm para chorar. 
Estou pronto. 
Vejo nuvens escritas neste presente angustiado. 
Estou à espera de um qualquer convite sem imaginação.
Estou Ou Não?
CONFORTAVELMENTE ATROPELADO 
Habito o comboio das sombras desesperadamente apaixonadas. 
Pinto esta viagem numa vida enrouquecida. 
Quero ver o silêncio! 
Escorreguei no desfiladeiro da sorte. 
Sorteei o norte no poço do azar. 
Quis o verbo mudar o tempo, no alento de enforcar o juízo nas cordas do destino, para que deixe de ser anunciado como se fosse obrigação. 
Não! Não gosto de ti! 
Mas sem ti, 
O que faria desta azia que premeia o nojo? 
Nunca me esconderei neste recolher obrigatório, nem na falta de respeito por ele oferecida.
Podes ouvir-me?
Sou um sopro cansado confortavelmente atropelado por uma memória vestida de desconsolos.

    Um salto moído
    que já se aleija
    no deitar.





,2021Set_aNTÓNIODEmIRANDA
poemanaalgibeira.blogspot.com

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