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segunda-feira, 30 de setembro de 2024
“LOST” AQUELE CÃO (Fábrica de Alternativas_Algés)
O que nós gostamos
sem a inutilidade das palavras.
sem a inutilidade das palavras.
Poderei chamar àqueles momentos
a
Autêntica
Reciprocidade
,2024Set _aNTÓNIODEmIRANDA
poemanaalgibeira.blogspot.com
domingo, 29 de setembro de 2024
CARTA PARA FRANK O`HARA
O vermelho nunca me perturba.
Afaga-me o gostar e desune-me qualquer inquietação.
Rebeca, a minha gata está a fazer zapping nas paredes do corredor, e pelo seu miar, julgo perceber a espera do aplauso.
Amanhã, finalmente irei tomar o pequeno-almoço com o Frank O`Hara.
Temos qualquer coisa em comum: o facto de ignorarmos que nos conhecemos.
Vou oferecer-lhe um Basquiat, que desconfio roubei de um sonho que infelizmente não me lembro.
Isto entre nós, é coisa de somenos.
Ele, sem eu saber prometeu-me uma velha moeda romana salgada nas ruínas de Tróia.
Mas isto é segredo.
Só nós o sabemos.
Agora tudo está mais calmo.
O nível do Western Gold Straight Old Kentucky Bourbon Whiskey está a baixar consideravelmente, o que pressupõe que não existirá o perigo de inundações na próxima hora.
Alerta glaciar! Gelo não! Não sei que horas são!
Mas confirmo que estou ecologicamente ébrio.
E isto poderá ser importante para as cenas dos próximos patíbulos!
Imagino este encontro na Zona Industrial de Sines.
Nós anonimamente conhecidos, pintando vacas desleixadas a zunir lampejos de gratidão.
Mas isto, entre nós é coisa de somenos.
Estou a pensar num rascasso grelhado.
Isto é, se o peixe não faltar.
Beberemos todo o branco beatificamente gelado pelos anjos absurdos.
Afinal, aqueles que acompanham os poetas.
Afaga-me o gostar e desune-me qualquer inquietação.
Rebeca, a minha gata está a fazer zapping nas paredes do corredor, e pelo seu miar, julgo perceber a espera do aplauso.
Amanhã, finalmente irei tomar o pequeno-almoço com o Frank O`Hara.
Temos qualquer coisa em comum: o facto de ignorarmos que nos conhecemos.
Vou oferecer-lhe um Basquiat, que desconfio roubei de um sonho que infelizmente não me lembro.
Isto entre nós, é coisa de somenos.
Ele, sem eu saber prometeu-me uma velha moeda romana salgada nas ruínas de Tróia.
Mas isto é segredo.
Só nós o sabemos.
Agora tudo está mais calmo.
O nível do Western Gold Straight Old Kentucky Bourbon Whiskey está a baixar consideravelmente, o que pressupõe que não existirá o perigo de inundações na próxima hora.
Alerta glaciar! Gelo não! Não sei que horas são!
Mas confirmo que estou ecologicamente ébrio.
E isto poderá ser importante para as cenas dos próximos patíbulos!
Imagino este encontro na Zona Industrial de Sines.
Nós anonimamente conhecidos, pintando vacas desleixadas a zunir lampejos de gratidão.
Mas isto, entre nós é coisa de somenos.
Estou a pensar num rascasso grelhado.
Isto é, se o peixe não faltar.
Beberemos todo o branco beatificamente gelado pelos anjos absurdos.
Afinal, aqueles que acompanham os poetas.
.,2017mai,aNTÓNIODEmIRANDA
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CACHET
Embrulhar
-te
num cachet de 50 cêntimos,
depositar
-te
num recibo sem importância
e tecer no pin do código de acesso,
impressões digitalizadas
da ternura roubada
numa black friday.
Mudar de voltas
e tentar abafar num cachecol
a mínima fragância
que nos deixou.
Alinhavar a mais pequena hipótese
e esperar,
se houver vagar,
a esperança que sabemos,
não irá anoitecer.
Andar no tentar das outras rotas,
soletrar um sorriso,
mesmo fingido, como os botões
que apertam os sobretudos
desta solidão.
,2017dez_aNTÓNIODEmIRANDA
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-te
num cachet de 50 cêntimos,
depositar
-te
num recibo sem importância
e tecer no pin do código de acesso,
impressões digitalizadas
da ternura roubada
numa black friday.
Mudar de voltas
e tentar abafar num cachecol
a mínima fragância
que nos deixou.
Alinhavar a mais pequena hipótese
e esperar,
se houver vagar,
a esperança que sabemos,
não irá anoitecer.
Andar no tentar das outras rotas,
soletrar um sorriso,
mesmo fingido, como os botões
que apertam os sobretudos
desta solidão.
,2017dez_aNTÓNIODEmIRANDA
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BOLEIA
Escorre-me um suor inteiro com os cheiros de todas aquelas partidas onde dizia á minha mãe, até logo. No bornal o habitual pão escuro e a inevitável lata de atum, fiéis companheiros da minha boleia. Tinha na cabeça a bíblia sagrada dos viajantes solitários sem a falta de nenhum parágrafo. Longe esses tempos do mp4, mas a música que sempre me acompanhou também nunca sentiu essa ausência. Guardado pelo candeeiro da autoestrada via horizontes que abençoavam a contínua esperança de um qualquer assento. Às vezes tardava. Tardava em demasia e eu fingia que adormecia só para não ficar cansado. Nunca desisti da esperança embora muitas noites tivessem sido passadas com a solidão dos poetas descalços.
Estrela amiga,
aquela que tardava no deitar
só para ser a minha companhia.
,2017,abr_.aNTÓNIODEmIRANDA
poemanaalgibeira.blogspot.com
O CÉU NO OLHAR
Tinhas o céu no olhar e um sorriso
quase total, que reconheço,
embrulhava todas as dúvidas.
Mas o tempo nem sempre corre
para o lado certo, conforme
está desenhado
nos mapas.
O barco que apanhamos,
O barco que apanhamos,
muitas vezes
é um furioso vilão, atrapalha
as boas marés sem costa possível.
Fiquemos pela corda que nos aproxima
Fiquemos pela corda que nos aproxima
e deixemos qualquer nó
para outras hipóteses.
Riscamos na proa sem destino
e quilhamo-nos no leme
que dirige o nosso abandono.
Temos na mão uma bússola
Riscamos na proa sem destino
e quilhamo-nos no leme
que dirige o nosso abandono.
Temos na mão uma bússola
com varicela,
um termómetro exaltado
e a vontade pintados numa vela.
Atira-te ao fundo,
mas não magoes nunca o teu sentido.
Salva-te onde puderes.
Para isso,
foge daqui.
2017,jun_aNTÓNIODEmIRANDA
poemanaalgibeira.blogspot.com
Atira-te ao fundo,
mas não magoes nunca o teu sentido.
Salva-te onde puderes.
Para isso,
foge daqui.
2017,jun_aNTÓNIODEmIRANDA
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domingo, 22 de setembro de 2024
A SENSIBILIDADE DA HIPOCRISIA
Perdido
Na
Morte
Para
Brincar
Às
Escondidas
Com
As
Esmolas
Da
Sorte
,2024Set21_Vila Chã _aNTÓNIODEmIRANDA
poemanaalgibeira.blogspot.com
Na
Morte
Para
Brincar
Às
Escondidas
Com
As
Esmolas
Da
Sorte
,2024Set21_Vila Chã _aNTÓNIODEmIRANDA
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NO ORVALHO NÃO MENTIROSO
Dizes que as noites não te acontecem.
Tens um adormecer sempre adiado,
marinado num mar de espinhos que te afogam.
Nada soubeste dos destinos do amor,
dos vestidos de cetim que nunca tocaram a tua pele.
Linda é a beleza que o sol cobiça.
Invejo o enlear do teu desejo,
que nunca chegará aos meus braços.
Tens nos olhos a oferta da música triste,
tocada pelas estrelas solitárias.
Não consigo convidar o teu sorriso para
a noite especial.
Ainda não sei se nos gostamos.
Continuo à espera do verbo que nos poderá salvar.
Mas, vem!
No orvalho não mentiroso,
tenho um caminho amado pelas flores mais lindas,
que só tu, poderás pisar.
Vem!
Abraçar a pressa de quem já não tem,
todo o tempo do mundo.
Tens um adormecer sempre adiado,
marinado num mar de espinhos que te afogam.
Nada soubeste dos destinos do amor,
dos vestidos de cetim que nunca tocaram a tua pele.
Linda é a beleza que o sol cobiça.
Invejo o enlear do teu desejo,
que nunca chegará aos meus braços.
Tens nos olhos a oferta da música triste,
tocada pelas estrelas solitárias.
Não consigo convidar o teu sorriso para
a noite especial.
Ainda não sei se nos gostamos.
Continuo à espera do verbo que nos poderá salvar.
Mas, vem!
No orvalho não mentiroso,
tenho um caminho amado pelas flores mais lindas,
que só tu, poderás pisar.
Vem!
Abraçar a pressa de quem já não tem,
todo o tempo do mundo.
2019set_aNTÓNIODEmIRANDA
poemanaalgibeira.blogspot.com
FRENESIM ELOQUENTE
Erecção
Intelectual
Intelectual
Procura
Com
A
Máxima
Urgência
Uma
Azáfama
Digna
E
Gloriosa
De
Sexo
Frenético
Com
A
Máxima
Urgência
Uma
Azáfama
Digna
E
Gloriosa
De
Sexo
Frenético
2024Set20_aNTÓNIODEmIRANDA
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O NOME DO CÃO / Manuel António Pina
O cão tinha um nome
por que o chamávamos
e por que respondia,
mas qual seria
o seu nome
só o cão obscuramente sabia.
Olhava-nos com uns olhos que havia
nos seus olhos
mas não se via o que ele via,
nem se nos via e nos reconhecia
de algum modo essencial
que nos escapava
ou se via o que de nós passava
e não o que permanecia,
o mistério que nos esclarecia.
Onde nós não alcançávamos
dentro de nós
o cão ia.
E aí adormecia
dum sono sem remorsos
e sem melancolia.
Então sonhava
o sonho sólido que existia.
E não compreendia.
Um dia chamámos pelo cão e ele não estava
onde sempre estivera:
na sua exclusiva vida.
Alguém o chamara por outro nome,
um absoluto nome,
de muito longe.
E o cão partira
ao encontro desse nome
como chegara: só.
E a mãe enterrou-o
sob a buganvília
dizendo: " É a vida..."
HIPÓTESE SEMPRE VIÁVEL
Não sei o que me espera.
Não posso medir essa hipótese.
Gelo-me em quartos de hotéis com o bafo de um reles ar condicionado que não sei respirar.
Volto a calçar as botas mais limpas que estes lençóis amarfanhados com sonhos que não são meus.
Lavo as mãos com demasiado cuidado para não sujar a mágoa.
Finjo que estou cansado na vã esperança que o sono amolgado de tanto esperar, apareça com um Blues qualquer que me aconchegue os ouvidos.
Não sei ver esta televisão onde parece que o filme fugiu.
Tento imaginar um postigo projectando na parede a mais audaz das cortinas.
É sempre difícil o primeiro cheiro da cidade onde nada nos pertence e nem um sorriso simpático podemos olhar na palma da mão.
No chuveiro saem lágrimas que não me molham e esta misturadora mais parece um coador de ternuras constrangidas.
Dou corda ao coração para que um aperto de mão aconteça.
Leio poemas que tenho na cabeça e invento títulos que não consigo decorar.
Adormeço ao som de cigarros cansados
e tropeço em direcção a nenhures.
Espero o que não sei.
É uma hipótese sempre viável.
2016,09aNTÓNIODEmIRANDA
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#Pat Andrea# |
segunda-feira, 16 de setembro de 2024
CRÓNICAS DE VILA CHÃ (4) 2015set14 “COMO POSSO DIZER”
Curiosidade mórbida e a realização de cenários de quem nunca está presente. Ouvi dizer, diz-se por aí, é a constante permanente numa ideia infinitamente menor. Côa-se assim o tempo, desperdiçando a vida sem ter desta qualquer lembrança. Só baixo de nível com a eloquência da estupidez absoluta. Não há remédio para esta fatalidade. Mantenho comigo uma frequente possibilidade de aprender. Se calhar já escrevi isto, mas se calhar vocês não leram. Os dias passam tranquilos na minha cabeça cheia de boas intenções. É bom ter esta possibilidade de anualmente repetir certas leituras. Estou mais sossegado na minha calma, mais acessível à minha atenção, com menos desprezo pelas coisas mais simples, que há muito tempo passavam despercebidas. A cidade grande surge depressa demais para confirmar qualquer intenção de me lembrar. Sou só, sem qualquer anomalia proveniente do lamento. Passo os dias com ritmos tão subtis envolvendo todas as hipóteses aptas para serem impressas nas paredes da minha memória. Humedeço os sentidos com esta tranquilidade ausente de todo o sentimento de fraqueza, e enleio a minha satisfação com amplos sorrisos e gargalhadas encharcadas de contentamento. Não me contento com pouco, juro-vos! Mas, não me levem a mal, sou dono da minha plenitude. A vida não é simples e incautos serão os caminhos que nem sequer admitem essa possibilidade. Deixemos correr o tempo sem termos a ínfima intenção de tingir a sua dignidade. Sou tão difícil como a mentira em que ninguém deve acreditar. Não sou rima para agradar, e pequei tanto que o andor tombava para o lado da minha não imprecação. As velas queimavam cinicamente os dedos, e os crentes indiferentes saboreavam entremeadas previamente benzidas. Eu seja louvado! E como não sou invejoso, que o outro venha logo atrás.
Sou tão ilógico que a lógica tem de mudar de pilhas. Os leds anotaram esta evidência com um ar de mercedes condicionado e filtros plenos de satisfação. Incrédulo mas receptível á inovação, mandei-os á merda com todo o cuidado, tirei os dedos da ficha, desliguei o motor, abri a porta da marquise, informei a mulher, avisei a empregada, telefonei para a porteira, raspei a raspadinha, ignorei a vizinha, atei a trela ao pescoço, meti na boca um osso, adiei a caganeira, paguei o IMI cheguei á cama arrasado. De nada me lembro. Dormi com o mesmo lado.
Aviso: este texto nunca poderá ser incluído em qualquer manifesto eleitoral, assim como na posologia de qualquer coisa intencionalmente prescrita com o propósito da normalização da loucura. Admitirei a possibilidade da sua utilização na confecção de collants e num restrito modelo de copas de soutien. Bom, a hipótese de pára-choques, poderá eventualmente ser discutida.
2015aNTÓNIODEmIRANDA
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MANIFESTOS CÓDIGOS CONSTITUIÇÕES MANDAMENTOS , dito pela Paula Montez
https://www.youtube.com/shorts/cllQCJELbQI?feature=share
Sou como um dilúvio quando defeco
na importância que queres vender.
Não consigo entregar-te a carta da
Não consigo entregar-te a carta da
consolação.
A situação já não é a mesma
e o caos potencialmente impotente
(e cada vez mais envaidecido)
projecta na máquina produtora de réplicas
A situação já não é a mesma
e o caos potencialmente impotente
(e cada vez mais envaidecido)
projecta na máquina produtora de réplicas
o sabor do abandono.
Resta-me esquartejar a maneira
Resta-me esquartejar a maneira
como fui recebido.
Jamais esquecerei a hostilidade
Jamais esquecerei a hostilidade
abundantemente mostrada.
Um abraçado obrigado.
(obviamente desconsolado).
,2024Jun_aNTÓNIODEmIRANDA
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domingo, 15 de setembro de 2024
#CARTA VERDE#Dito pela Paula Montez.
CARTA VERDE
Arrancou à pressa
o pó de arroz que escorria pela cara.
O semáforo teimoso tentava ludibriá-la.
Então com todo o gosto pisou o acelerador.
A amolgadela do carro da frente
não infringia nenhuma mentira.
Desta vez não errou a pontaria.
Há dias assim.
& há os outros quase perfeitos.
Mostrou a carta verde.
Accionou o seguro,
mas este já tinha morrido de velhice.
Telefonou para a companhia.
Ninguém respondia.
Pintou outro quadro ao agente
que tentava dizer-lhe que só estaria ali
para ouvir versões plausíveis.
O tráfego parado.
A fila a encher.
& os barcos danados no rio a apitar.
Tinha agora nos olhos tons esquisitos de pastel
que meticulosamente se dispuseram a soluçar
,2016,06aNTÓNIODEmIRANDA
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#VELHO TRUQUE# Dito pala Paula Montez
Sou a pegada de um vagabundo
na procura dos sorrisos do teu olhar.
Entrego-me nesta carta
com todos os erros
que não prometo repetir.
É tão rápida esta fuga,
que nem a sombra irá lembrar.
Sorriso pousado na malga,
passeio a vida numa trela,
entrelaçada com os ases
do destino.
Velho truque.
,2019nov24_aNTÓNIODEmIRANDA
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sábado, 14 de setembro de 2024
sexta-feira, 13 de setembro de 2024
CORAÇÃO ALFARRABISTA
Que mortes me fizeste ver, louco diamante sempre a brilhar na tristeza desta pele roída.
Lembrar para quê?
O caminho mostra - me o acaso, calca a angústia, e segreda nas orelhas da lua, o engano do encanto do pôr-do-sol.
Agradeço com um adeus envergonhado,
a despedida estampada na minha escada.
ESTÁ UM TEMPO ANIMADOR PARA QUEM ACREDITA EM ALDRABICES
Eu poderia acordar, apertar no cinto dos mil sonhos brilhantes, os gritos de couro, e de joelhos dobrados, provar o chicote oferecido pelo amor não leviano.
FANTASIAS PECADORAS VESTIDAS COM A PELE DA CORAGEM
Disfarçam os medos que a usam.
E quando os sinos chiarem no teu leite derramado, irás ver que a surpresa será sempre a tal mentira apetecida.
Começarás a andar ao terceiro dia, ainda que de um modo esquisito, mas se estivesses atento, terias lido que a folha de reclamações serviu para te limpar o cu.
Bem que avisei que o meu milagre seria sempre mais eficaz, com o senão de não estares presente.
OS HÁBITOS ESTÃO DIFERENTES. A ESTUPIDEZ É QUE NÃO
O tempo acabará por esquecer esta dor, nas horas que aguardam nos suspensórios da morte, a alegre notícia do abismo.
A quem entregar pétalas desoladas, cansadas de uivar nomes sem voz?
Cuida de mim, anjo da malvadez, poema sangrento que não consegue voar nas tuas botas de cetim.
Perdi o teu abraço, cansei-me na escuridão da alma e do seu mentiroso divagar.
Já não ouso sonhar!
Este frio covarde cobre a esperança que agora me trilha.
Já não sinto o sabor do vento, com a sua oferta
de afectos embrulhados no brilho das lâminas.
Quero voltar – Fugir – Encontrar
– Destruir o destino – Enferrujar o tino
Assassinar o escravo que julgam me tornei
– Encurtar o convite desse cinto de fivelas nojentas.
O que é feito de ti, pássaro do voar envergonhado, canto de querubim nessa viagem da esperança fraudulenta?
Já não acreditas no meu abraço, já não pousas no meu acenar,
TERNURA CHICOTADA NO ESCURO
Porque esperaste tanto tempo?
Declamava o coração alfarrabista.
Uma agulha entrega a esperança na dor da tua única realidade suada na cadeira mentirosa.
Nem sempre gostei da vida.
Apenas pensei que era assim que se amava, e conservo na memória possível, lágrimas que nada têm para chorar.
Estou pronto.
Vejo nuvens escritas neste presente angustiado.
Estou à espera de um qualquer convite sem imaginação.
Estou Ou Não?
CONFORTAVELMENTE ATROPELADO
Habito o comboio das sombras desesperadamente apaixonadas.
Pinto esta viagem numa vida enrouquecida.
Quero ver o silêncio!
Escorreguei no desfiladeiro da sorte.
Sorteei o norte no poço do azar.
Quis o verbo mudar o tempo, no alento de enforcar o juízo nas cordas do destino, para que deixe de ser anunciado como se fosse obrigação.
Não! Não gosto de ti!
Mas sem ti,
O que faria desta azia que premeia o nojo?
Nunca me esconderei neste recolher obrigatório, nem na falta de respeito por ele oferecida.
Podes ouvir-me?
Sou um sopro cansado confortavelmente atropelado por uma memória vestida de desconsolos.
Um salto moído
que já se aleija
no deitar.
,2021Set_aNTÓNIODEmIRANDA
poemanaalgibeira.blogspot.com
que já se aleija
no deitar.
,2021Set_aNTÓNIODEmIRANDA
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LAVAR O TEMPO
Corre
o momento
no arrepio sofrido
untando o caminho
o momento
no arrepio sofrido
untando o caminho
da esperança fugidia
Suja-se a vida na pressa
sem sentido
beijada pelo hálito
beijada pelo hálito
da desilusão
Na varanda do ocaso
rasgam-se palavras
nunca faladas
,2023Set_aNTÓNIODEmIRANDA
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quinta-feira, 12 de setembro de 2024
PELE, PICHA & OSSOS e 1 PIRES COM CASCAS DE TREMOÇOS
Gandaia da vida.
Nada de mim me inquieta, mesmo o desejo que vejo gravado na janela da memória.
(há dias assim…)
Nunca escrevi no futuro que me propuseram aquilo que realmente desejei. A adolescência foram anos de exílio. Conheci-me em muitos momentos como se tivesse acabado de morrer. Dormi no aconchego da ternura das estrelas enquanto o frio e o medo eram beijados pelo carinho por elas entregue. Jamais sonhei com jardins de flores arrependidas. Tentei sempre fugir da meiguice dos espinhos, ignorar os convites desleais, agir em conformidade e errar assiduamente em todas as conveniências.
Sim! Tenho Saudades daqueles abraços que disfarçavam a impossibilidade da chegada do visitador das horas para anunciar os dias felizes.
Balada da sorte malvada. Alma traiçoeira, sempre a apontar-me o caminho de casa, mas o cansaço do fracasso cavalgando no polegar da autoestrada levou o feitiço para longe.
Garrafas / Vazios /Cigarro/ Alinhavar Pesadelos / Absolver Sonhos / Desorganizar Castigos. Sombras selvagens murmuram, com a bendita salvação, a subtileza no sentido contrário das vontades do tempo. A melancolia fala enquanto as grandes conversas acontecem na idade da solidão. Tantas luas procurei para pintar mas as lágrimas vendaram a intenção.
(As coisas que irei doer para mais tarde esfolar na lembrança requentada).
Triste trovador aquecido no édredon de verrugas.
Pedradas no charco afundaram a jangada das opções.
Quando fico do lado que não consigo acontecer, esse é o território da penumbra, desenhado pela fantasia que nada quer oferecer ao destino achado no moribundo abandono, pedindo para fugir daquele que oferece o impostor perdão. Nunca te importaste com a mais pequena coisa que me fazia falta nem um simples abraço acenou da tua cabeça. Deixar-me seduzir por um doce final onde as estrelas continuam apaixonadas. Limiar da tristeza/ paixão da inutilidade/ linhas com que me cruzo na insónia feliz. Esquecimento/Indiferença/Manta de Presságios/Desvario. Nada nesta bebedeira me é estranho. E isso será sempre uma bênção que ditosamente não sei a quem devolver. Entretanto, e se a maré o permitir, aguardarei a chegada do alento não descontente. Tornar o desrespeitável verdadeiramente humano.
Enxovalhar a Infelicidade/Subornar o Azar/Pecar confortavelmente na bolsa dos accionistas da moral vandalizada /Ideias maldosamente depenadas. Quero ir para onde não sou. Embarcar no golpe da ferida asa ao encontro do rasto da poesia. A verdade nua e crua & Assim Sendo... Assim o É.
O Desconsolo absoluto. Fere-me/castiga-me a necessidade que demasiadas pessoas têm de dar palco aos heróis da futilidade. Os verdadeiros habitantes do imbróglio de suspiros maquilhados.
(Que alguém vos proteja eu tenho outras rezas para impregnar).
Que atrevimento me entregas desta vez nesse chegar desassossegado?
Desconheço o sopro que escreve na janela, os abraços que o desprezo violou. Fogem pássaros enlaçados no seu cantar.
Candeeiros de bebedeiras de amigáveis curtos circuitos patinam em suaves cachos de gratidão. Caminho por aí à procura da nuvem onde perdi o acervo. Mentiram quando disseram ser só pelo breve instante de uma traição. Não me falaram do lado selvagem onde permaneço refém. Haja alguém que rasgue a mentira do obituário.
Aqui estou a saltar. Nada para explicar nesta consolação a abarrotar de desculpas indecentes. Fé decantada, crença sem herança. Som magoado. Quantas ilusões rasguei nas cartas enviadas ao Entrudo.
,2024Ago_aNTÓNIODEmIRANDA
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DISTRITO DA SOLIDÃO
Sempre penso que seria bom viver
antes de nascer.
Basta [honestamente] pensar
Basta [honestamente] pensar
nos incómodos
a que iriamos deixar de nos sujeitar
O conhecimento assina
a que iriamos deixar de nos sujeitar
O conhecimento assina
memórias amigas humedecidas
no suave toque da nostalgia
Diz a Tristeza abraçada à dor:
quando começares a gostar de ti
o sorriso acabará por acontecer
Fora da mente a realidade
Diz a Tristeza abraçada à dor:
quando começares a gostar de ti
o sorriso acabará por acontecer
Fora da mente a realidade
já não presta
Alegria e Perseverança,
tenho que vos beber para manter a
Alegria e Perseverança,
tenho que vos beber para manter a
sobriedade
Não obedeço ao sinaleiro da
Não obedeço ao sinaleiro da
crueldade
Já só consigo viver os
Já só consigo viver os
descontos do tempo suplementar
,2024Ago_aNTÓNIODEmIRANDA
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,2024Ago_aNTÓNIODEmIRANDA
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EPÍGRAFE
Não gostamos um do outro
E isso poderá ser
o auspicioso futuro
De uma relação extinta
(Normalmente
Acontece)
,2024Ago_aNTÓNIODEmIRANDA
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MANUAL DO EGOCÊNTRICO
A coisa mais importante de mim?
Se não tivesse
Se não tivesse
nascido,
muita
gente
não
seria
ninguém.
,2024Ago_aNTÓNIODEmIRANDA
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,2024Ago_aNTÓNIODEmIRANDA
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PAIRA NO CÉU O DESESPERO QUE COMPRASTE
Ó glória do mundo
Jamais para ti viverei
E
Se um dia tiver que morrer
Que seja para sempre abraçado
Às paixões que tão feliz
Me quiseram
,2024Ago_aNTÓNIODEmIRANDA
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PONTUAÇÃO FINAL
Quando não quer assustar as
palavras
a tinta
foge
da
caneta
,2024Ago_aNTÓNIODEmIRANDA
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CONSCIÊNCIAS CARCOMIDAS
Bandeira branca
porque te mancham de sangue?
Serás sempre
esta dor,
embora saiba que jamais
embora saiba que jamais
tocará a indiferença
de quem ignora os que
de quem ignora os que
choram as lágrimas de
“rockets”.
A que Deus
poderemos entregar as
consciências carcomidas?
,2024Ago_aNTÓNIODEmIRANDA
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,2024Ago_aNTÓNIODEmIRANDA
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DO REENCONTRO QUE NUNCA ACONTECE
Adeus.
O meu céu já não tem ninho
para a tua chegada.
Quem me compra o tempo?
Doridas em todos os ensaios da
felicidade
emoções envergonhadas
emoções envergonhadas
escondem-se nas velhas
lágrimas.
Deixa-me ir.
Não interessa o atalho.
Larguei o destino.
Tenho um ajuste sempre cruel
com o presente que me roubam.
Sei que
deste dilema
nunca serei a
solução.
,2024Ago_aNTÓNIODEmIRANDA
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NINGUÉM PODE SALVAR A MINHA ANGÚSTIA
Descalço escorrego no costumeiro
pesadelo.
pesadelo.
Nau de súplicas de sangue
rasgando as veias da memória.
Quem sou?
pergunta o desânimo
enforcado no destino.
Alvejo
Uma a Uma
as agulhas do desalento
roubadas ao relógio
da penúria.
O tempo
é um prenúncio esquisito
sempre agarrado à urgência
que não me deixa escapar.
Eu,
Aquele que ainda procura
os sons
do último silêncio.
,2024Ago_aNTÓNIODEmIRANDA
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DEIXEM QUE VOS CONTE
Ela oferecia
na alma que vivia
tenros sorrisos
para beijar o despertar
na alma que vivia
tenros sorrisos
para beijar o despertar
Aviões de papel
espalhavam ofícios
da paz
naquele prado
onde
aterravam
Todos
Os
Abraços
,2024Ago_aNTÓNIODEmIRANDA
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domingo, 8 de setembro de 2024
sexta-feira, 6 de setembro de 2024
MEALHEIRO DO AZAR
Comigo A Sorte,
É Uma Questão De Moeda.
Claro Que Sei,
Que A Esconderam
No
Mealheiro Do Azar.
2018Set_aNTÓNIODEmIRANDA
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NOBLESSE OBLIGE
Peço sempre tudo!
O necessário não condiz com aquilo que quero.
A menoridade é uma ejaculação precoce
que se vende nas farmácias.
A minha médica já alterou a prescrição.
Comprei óculos de mergulhador
O necessário não condiz com aquilo que quero.
A menoridade é uma ejaculação precoce
que se vende nas farmácias.
A minha médica já alterou a prescrição.
Comprei óculos de mergulhador
e barbatanas estereofónicas
para ler a receita.
…Não vá o farmacêutico desconfiar.
para ler a receita.
…Não vá o farmacêutico desconfiar.
Se estiver bem disposto,
tenho os “Tomates Enlatados”
do Benjamin Péret
do Benjamin Péret
para me entreter.
"Noblesse
oblige"
,2016,07aNTÓNIODEmIRANDA
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,2016,07aNTÓNIODEmIRANDA
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.ERVA
consternado
decepcionado
amargurado
sentou-se
no colo do
Pai
e entre soluços
disse-lhe:
as ovelhas
não respeitam o teu
Filho!
FODERAM-me
a
erva
toda!
2019jun_aNTÓNIODEmIRANDA
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MALDITA MANIA
Romeiro!
Romeiro!
Quem és tu?
Maldita mania de estares
sempre de costas.
,2019mar_aNTÓNIODEmIRANDA
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MAÑANA
Se hoje
Digo
Que
Te
Amo
É
Porque
Amanhã
Quero
Estar
Vivo
,2019fev_aNTÓNIODEmIRANDA
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MUTUALIDADE
Nunca deverei nada à
eternidade!
Adiamo-nos,
Reciprocamente!
2019mai_aNTÓNIODEmIRANDA
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Adiamo-nos,
Reciprocamente!
2019mai_aNTÓNIODEmIRANDA
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MUITAS LÁGRIMAS NA MINHA CABEÇA DEMASIADOS MEDOS QUE ME TORNAM LOUCO
Tenho o cheiro do desodorizante da tua vida nesta mistura amorfa de todas as lágrimas e dos muitos medos que afagam a minha cabeça.
Há uma viagem sempre à espreita da melhor esquina para me alvejar.
Um silêncio de musgo ressequido colado na rouquidão da voz já sem pressa para fingir. Um sonho atrapalhado abraçado a uma tesoura que rasga bocados frenéticos de angústias desusadas. Um sabor que me aprisiona, uma ausência enforcada nos pulsos, um odor que infecta abraços.
Um vazio que incomoda o silêncio, uma dança fugindo à toa, do distúrbio que quero embrulhar. Um piano que quebra as mãos quando toca na pele sofrida.
Nada tem de estar certo neste voo tentado sempre fora do tempo da esperança mordida.
Há uma oferta constantemente arrependida, um frio para aconchegar a partida.
Onde voa aquele beijo desconhecido
pintado nos nossos lábios?
2019jun_aNTÓNIODEmIRANDA
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quinta-feira, 5 de setembro de 2024
quarta-feira, 4 de setembro de 2024
ESTRELAVA NO CÉU BEIJOS AGRADECIDOS
Não passo de um ruído espalhado pela vida, que, mesmo no paraíso precisa de amigos.
E no alarido de um coração picado há um cavalo que foge da sela que o quer trair.
Subtrai a ternura suicidante que lhe apaga a chama efémera e num grito desenfreado salta a angústia como se fosse arte poética.
E agora cansado chora o libelo da maldição que o fez prender.
Saltou o mais que pode a cerca que lhe toldava o horizonte e só agora pode beber num gole total a imensidão que lhe vendaram.
Feito poeta e na ausência do juízo normal aquece no galope sonhos há muito guardados.
Aparece de quando em vez nas quintas-feiras da poesia possível e fingindo que não chora, abraça qualquer presença.
Na forja que lhe derrete a alma espalha todos os poemas que cabem no seu mundo.
Apenas um sossego aqui na terra depois deste deus louco irmão de todas as morfinas e crítico apreciável dos benefícios da marijuana, longe da masturbação das agulhas beijando na fornicação a cara sem sangue que desliza pela parede riscos indolores de uma salvação com doses para uma semana.
Pedaços que exibe na mão foram um poema nunca sujo, escrito em moedas que mancharam a carne que pensava o amava.
E agora não consegue saltar os muros do sonho neste cenário de bêbados circuncisados.
Nesta escrita de raposa com a permanente promessa de não ganhar qualquer grammy, perde-se nesta sensata e inútil razão que se perpetua na pele.
Deus não existe!
O diabo é que às vezes se esquece de ser mau!
O inferno é aquecido por um micro-ondas.
E as formigas diligentes lêem notícias sem sabor. Dizzy e Parker sabem do que fala.
E eu não minto tanto assim.
Naquele tempo Nina Hagen vagueava pelo Harlem e beijava todos os pretos que tinha no coração.
Miles tinha escrito nas bochechas que a infância nem sempre é um acto saudável.
Berry no seu “duck walk” olhava docemente para certas teenagers que fingiam ter “sexteen”.
Ás vezes sentia no corpo um fato que pertence a outro, quando o dia lhe corria tal mal contrariando a mais optimista previsão do relatório do tempo.
Era quando o vento fugia da morte e empurrava esta mania de pensar que sabia quem foi.
E molhado por esta invenção, entregava ao deus- trará, protocolos falsamente assinados da sua presença.
O gato de Ferlinguetti poderá testemunhar a afluência inaudita na agência de turismo onde costumava urinar.
O calor do seu orgasmo aumentou a temperatura do deserto que foi a cama que nunca cheirou a sua solidão.
Eram noites sem janelas onde a memória acaba por fugir.
E assassinam gemidos de guitarra sangrando o ventre até aos dedos que só a queriam acariciar. Agarrava os blues do Mississipi e snifava o pó dos velhos “vinyls” que podaram a sua juventude. Retornava á velha casa e beijava o som roufenho que chorava naquele velho gira-discos, só para voltar a escutar de novo aquela música.
No caminho de volta encenava estrelas e falava com todas as palavras possíveis.
Estrelava no céu beijos agradecidos.
,2017nov_aNTÓNIODEmIRANDA
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