Qualquer dia deixarei de gostar de ti, confessou a estrela que não abençoei.
Porque pensas que me salvaste?
Não sei porque me tiraram o coração.
Tenho gritos silenciosos nas veias do tempo, que me trará o morrer. Sinto o frio da pele que fugiu. Tambores estranhos, lutam pelo lugar que já não me pertence. Escrevo no livro das páginas tristes a história da traição. Que dia foi hoje, pergunta o relógio pendurado na recordação de má memória. Rola no chão, uma gota triste, olhando-me como se fosse eu o único culpado. Solto a gargalhada, na janela da noite dos ratos temerosos, e acendo a lanterna para a solidão dos melros, na apanha de minhocas douradas. Ensebo a sorte na sombra desta varanda, farta da avareza da minha audácia. Lembro-me de mim, da maneira possível. Espero o caminho que não conheço. Ando numa poesia à deriva, molho com lágrimas de fatalidade esta folha, que lamenta o que nela escrevi. Algo me diz para ter calma. Escondi um desejo gelado no forno. És bom para nada, risca a consciência que empenhei na misericórdia dos dias. Talvez seja o tempo de voltar, convida-me o recenseamento da normalização. Não abandonarei nunca este casulo. Tenho o aluguer em dia, médica de família, um seguro qualquer a morrer de velhice, e, ainda algumas fantasias em perfeito estado de utilização.
,2020abr_aNTÓNIODEmIRANDA
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