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terça-feira, 15 de março de 2022

HARAKIRI SINCRONIZADO

Desço num compasso atrasado a avenida da adolescência, nesta saudade abraçada a velhos blues e palavras escorridas dos livros que me ensinaram o caminho.
Junto perspectivas nesta gamela, e misturo fermento crescente com a precisão que fui adquirindo.
Disparo certeiro nesta bala descaída que beija o tiro que continua a ferir-me.

"Free like a shot from my gun".
Rosas retardadas para os dias sempre hipócritas, descansam num jazigo à toa escolhido, onde apresento o mais infiel dos "bluffes".
Há coisas para que não tenho jeito algum.
E lubrificar cãibras é uma arte que a mim me falha.
Que deus me valha!
Ok! 
Não atirem todo o bónus para cima de mim. Aprendi a jogar poker num "SPRECTRUM" ressabiado que com todas as vírgulas caluniava a minha batota.
E eu até pensava que era bom.
Claro está, menos nos desenhos a tinta-da-china. 
Borrava sempre a pintura e o "MAO" nunca achou lá grande piada.
Apresentei-lhe um novo alibi para a grande muralha, mas infelizmente embebedou-se com um certo vinho de "MONÇÃO".
Águas passadas enferrujam qualquer canalização, e o seguro, de tanto reumático, já não cobre todos os riscos.
Ok! Desisto!
Vou voltar para o império das mentiras, afiar a "Muramasa" e derramar um carpaccio com a pele do teu desejo.
Perfumado com "KENZO", 
imprimirei em "photo paper gloss", 
"HAIKUS" banhados no tinteiro das palavras bonitas.
Claro que não é o fim.
Ainda resta o estrangular dos teus lábios no meu ossário defeituoso.
Viveremos felizes para sempre, desde que um qualquer deus curioso não inveje a nossa cumplicidade.
A avenida da minha adolescência não está programada no "GPS", e o tacógrafo da minha esperança, foge da animosidade da brigada dos costumes sonolentos.
Corto as pontas das setas, escondo os alvos e escrevo certas palavras ao contrário, só para inglês ver.
Embalo com todo o cuidado, estes cacos etiquetados com proveniências duvidosas para vender na feira da ladra.
É bem verdade que não têm tido muita procura.

Mas deus nasce, o homem sonha e a obra dorme.

,2017,abr_.aNTÓNIODEmIRANDA

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