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quinta-feira, 31 de maio de 2018
É ESTE O TEMPO
É este o tempo que já não nos espera, envolto em lençóis de madre pérola, ostentando o colar da desavença. É este o tempo do amanhecer ardiloso, do roupão enevoado que pergunta o que foi feito de nós. E nós caídos, tentando apanhar a flor que nunca tivemos nas mãos.
Quando a música acaba, neste chinquilho que nunca em nós confiou, vem-nos á memória qualquer coisa parecida com uma vela imitando a voz de deus.
Continuámos sós, esquecidos na salmoura dos agradec...imentos nefastos e louvámos nas mensagens sem custo, o destinatário desconhecido.
Não consigo gostar deste pensar que me atropela e tento cortar a angústia em pedaços adequados ao fondue de toda esta tristeza.
Não penso em mim nesta forma de pecado e ergo as mãos para a oração errada que junta as mentiras habituais. É este o tempo da vã glória enleada no chicote do resumo sangrento. Dos dardos cravados na maledicência, bocados à deriva buscando um anúncio qualquer, só para alcançar o fim prometido sem saída de emergência. Alguém cuspiu promessas que não cumpriu e os dados mal lançados só deram um poker batoteiro. Temos nas mãos um título de transporte sem validação possível e uma louca corrida que nunca nos deixam vencer.
Nada é sagrado nesta conspurcação de heterónimos aleijados e estamos sujos pelos medos de uma paciência sobrelotada.
Final da concessão.
Riscamos todos os calendários.
Queimamos todas as folhas no fogo-de-Santelmo e Hieronymus Bosch gentilmente pintou as nossas radiografias.
Quando a música acaba, neste chinquilho que nunca em nós confiou, vem-nos á memória qualquer coisa parecida com uma vela imitando a voz de deus.
Continuámos sós, esquecidos na salmoura dos agradec...imentos nefastos e louvámos nas mensagens sem custo, o destinatário desconhecido.
Não consigo gostar deste pensar que me atropela e tento cortar a angústia em pedaços adequados ao fondue de toda esta tristeza.
Não penso em mim nesta forma de pecado e ergo as mãos para a oração errada que junta as mentiras habituais. É este o tempo da vã glória enleada no chicote do resumo sangrento. Dos dardos cravados na maledicência, bocados à deriva buscando um anúncio qualquer, só para alcançar o fim prometido sem saída de emergência. Alguém cuspiu promessas que não cumpriu e os dados mal lançados só deram um poker batoteiro. Temos nas mãos um título de transporte sem validação possível e uma louca corrida que nunca nos deixam vencer.
Nada é sagrado nesta conspurcação de heterónimos aleijados e estamos sujos pelos medos de uma paciência sobrelotada.
Final da concessão.
Riscamos todos os calendários.
Queimamos todas as folhas no fogo-de-Santelmo e Hieronymus Bosch gentilmente pintou as nossas radiografias.
2017,jun_aNTÓNIODEmIRANDA
segunda-feira, 28 de maio de 2018
Poesia À Deriva | Elementar _29Maio92018
«Poesia à Deriva» regressa ao Elementar para mais uma noite de palavras a puxar palavras. Na 1ª parte teremos a leitura e convite à leitura de poemas de António de Miranda com a participação dos SEC´ADEGAS (beat & blues)e um convidado especial, o saxofonista António Bruheim. Na 2ª parte faremos o convite a outras quaisquer leituras.
SEC`ADEGAS, quiçá os 3 últimos anfíbios com tracção às 4 rodas, convidam um amigo especial, António Bruheim e o seu sax tenor, para a estreia mundial da leitura do poema “BEAT (com um abraço para o Miguel Martins). Como sempre, 3 senhoras vadias e devidamente benzidas, (Madalena Ávila, Manuela Leitão e Paula Montez), dar-nos-ão o privilégio de usufruir da nossa companhia, dizendo outros poemas.
SEC`ADEGAS, quiçá os 3 últimos anfíbios com tracção às 4 rodas, convidam um amigo especial, António Bruheim e o seu sax tenor, para a estreia mundial da leitura do poema “BEAT (com um abraço para o Miguel Martins). Como sempre, 3 senhoras vadias e devidamente benzidas, (Madalena Ávila, Manuela Leitão e Paula Montez), dar-nos-ão o privilégio de usufruir da nossa companhia, dizendo outros poemas.
quinta-feira, 24 de maio de 2018
MEMÓRIAS DE UMA BEATNIK
Eu e a Diane Di Prima
Num quarto escuro
E com a televisão apagada.
Não me lembro!
Será que foi mentira?
Queimámos artifícios de poemas,
e com a ajuda das barbas do Allen,
escalámos uma parede do Chelsea Hotel.
Lá para os lados de Brooklyn,
Timothy Leary procurava fósforos ungidos,
para aquecer a neve que lhe fugia dos pés.
Em Central Park,
esquilos simpáticos ofereciam rugas do velho jazz,
embrulhadas em papel de amendoim.
O sol acordou tarde naquele dia.
Tinha estado numa jam com Charlie Parker.
Eu e a Diane Di Prima
Num quarto escuro.
Há invenções
que me permitem
o sonho.
.
Num quarto escuro
E com a televisão apagada.
Não me lembro!
Será que foi mentira?
Queimámos artifícios de poemas,
e com a ajuda das barbas do Allen,
escalámos uma parede do Chelsea Hotel.
Lá para os lados de Brooklyn,
Timothy Leary procurava fósforos ungidos,
para aquecer a neve que lhe fugia dos pés.
Em Central Park,
esquilos simpáticos ofereciam rugas do velho jazz,
embrulhadas em papel de amendoim.
O sol acordou tarde naquele dia.
Tinha estado numa jam com Charlie Parker.
Eu e a Diane Di Prima
Num quarto escuro.
Há invenções
que me permitem
o sonho.
.
,2017mai,aNTÓNIODEmIRANDA
Comentários de Circunstância
Sempre que alguém conhecido morre, não me choca que certas pessoas, que na sua facebookiana prática diária, nunca fizeram referência à sua importância, manifestem o mais sentido pesar. Os comentários de circunstância, terão sempre o vazio significado da mediocridade.
2018Mai_aNTÓNIODEmIRANDA
2018Mai_aNTÓNIODEmIRANDA
quarta-feira, 23 de maio de 2018
A FAVOLA DA MEDUSA | 21MAIO2018 (O Povo) Miguel Martins | Paula Roque | Ana Água | Luis França | Filipe Homem Fonseca
Vanguardas: três autores muito diversos: a norte-americana Gertrude Stein (1874-1946), o italiano Filippo Tommaso Marinetti (1876- 1944) e o alemão Kurt Schwitters (1887-1948). Da primeira, Ana Água lerá um texto de Tender Buttons (1914), numa tradução de A.M.J. Crawford e Miguel Martins, publicada na revista brasileira Modo de Usar & Co.. Será acompanhada por Filipe Homem Fonseca no teremim. Do segundo, Miguel Martins lerá, em tradução sua, um trecho sobre a guerra, citado por Luigi Russolo em A Arte dos Ruídos - Manifesto Futurista, 1913 (Lisboa, Momo, 2013). Será acompanhado por Ana Roque, na trompete. Do último, Luís França lerá, na íntegra, Ursonata (1923/1932), sendo acompanhado à guitarra eléctrica por Filipe Homem Fonseca. Este texto, com prefácio de Miguel Martins e posfácio do autor, foi publicado pela Cronópio (Lisboa, 2018).
Três ideias da literatura em que o som, em associações mais ou menos livres, tem um papel fulcral.
sábado, 19 de maio de 2018
Lawrence Ferlinghetti
“Pity the nation whose people are sheep,
and whose shepherds mislead them.
Pity the nation whose leaders are liars, whose sages are silenced,
and whose bigots haunt the airwaves.
Pity the nation that raises not its voice,...
except to praise conquerors and acclaim the bully as hero
and aims to rule the world with force and by torture.
Pity the nation that knows no other language but its own
and no other culture but its own.
Pity the nation whose breath is money
and sleeps the sleep of the too well fed.
Pity the nation — oh, pity the people who allow their rights to erode
and their freedoms to be washed away.
My country, tears of thee, sweet land of liberty.”
and whose shepherds mislead them.
Pity the nation whose leaders are liars, whose sages are silenced,
and whose bigots haunt the airwaves.
Pity the nation that raises not its voice,...
except to praise conquerors and acclaim the bully as hero
and aims to rule the world with force and by torture.
Pity the nation that knows no other language but its own
and no other culture but its own.
Pity the nation whose breath is money
and sleeps the sleep of the too well fed.
Pity the nation — oh, pity the people who allow their rights to erode
and their freedoms to be washed away.
My country, tears of thee, sweet land of liberty.”
quarta-feira, 16 de maio de 2018
A FAVOLA DA MEDUSA
Hesitei entre ver isto ou uma dose de ovomaltine!
Lá em cima, uma voz sonoramente perturbada, chorava enquanto me dizia:
meu filho, não finjas que és um gajo ajuizado!
Lá em cima, uma voz sonoramente perturbada, chorava enquanto me dizia:
meu filho, não finjas que és um gajo ajuizado!
Vanguardas: três autores muito diversos: a norte-americana Gertrude Stein (1874-1946), o italiano Filippo Tommaso Marinetti (1876- 1944) e o alemão Kurt Schwitters (1887-1948). Da primeira, Ana Água lerá um texto de Tender Buttons (1914), numa tradução de A.M.J. Crawford e Miguel Martins, publicada na revista brasileira Modo de Usar Co. Será acompanhada por Filipe Homem Fonseca no teremim. Do segundo, Miguel Martins lerá, em tradução sua, um trecho sobre a guerra, citado por Luigi Russolo em A Arte dos Ruídos - Manifesto Futurista, 1913 (Lisboa, Momo, 2013). Será acompanhado por Ana Roque, na trompete. Do último, Luís França lerá, na íntegra, Ursonata (1923/1932), sendo acompanhado à guitarra eléctrica por Filipe Homem Fonseca. Este texto, com prefácio de Miguel Martins e posfácio do autor, foi publicado pela Cronópio (Lisboa, 2018).
Três ideias da literatura em que o som, em associações mais ou menos livres, tem um papel fulcral.
Publicada por Miguel Martins
terça-feira, 15 de maio de 2018
ROCKET CHILD _PALESTINA : Um dia esta terra será LIVRE !
Não confies mais em mim !
A minha preocupação nunca te ajudará....
Quantas mais vezes
Teremos de pedir desculpa
Quantas mais orações hipócritas
Continuaremos a palrar
Quantas mais imagens nos farão chorar
Quanto mais a nossa impotência
Nos obrigará a fingir ?
ROCKET CHILD
Não confies mais em mim !
Sou um nojo
Num lamento burguês
Continuo a dormir tranquilo
Com palavras de indignação
Sempre fingida,
Enquanto se assassina.
Não passa a minha condição
De mero observador de funerais.
ROCKET CHILD
Em mim não confies mais !
Mata-me se queres viver.
A minha preocupação nunca te ajudará....
Quantas mais vezes
Teremos de pedir desculpa
Quantas mais orações hipócritas
Continuaremos a palrar
Quantas mais imagens nos farão chorar
Quanto mais a nossa impotência
Nos obrigará a fingir ?
ROCKET CHILD
Não confies mais em mim !
Sou um nojo
Num lamento burguês
Continuo a dormir tranquilo
Com palavras de indignação
Sempre fingida,
Enquanto se assassina.
Não passa a minha condição
De mero observador de funerais.
ROCKET CHILD
Em mim não confies mais !
Mata-me se queres viver.
segunda-feira, 14 de maio de 2018
anti-prefácios _ Alberto Velho Nogueira 17 maio | 19h00 Teatro Taborda
Lançamento do mais recente livro de ensaios de Alberto Velho Nogueira, composto de vários artigos sobre crítica da literatura e das artes em geral.
domingo, 13 de maio de 2018
terça-feira, 8 de maio de 2018
TÉCNICA MISTA
Algumas vezes
Sinto-me como um arco-íris
E espalho as minhas cores no céu.
Alguns chamam-lhe técnica mista
Com colagens de angústias
Tristeza derramada sobre tela
Choro disfarçado de aguarela.
Ninguém vê o que sou :
Sorrisos acrílicos.
Ironias em pastel !
Sinto-me como um arco-íris
E espalho as minhas cores no céu.
Alguns chamam-lhe técnica mista
Com colagens de angústias
Tristeza derramada sobre tela
Choro disfarçado de aguarela.
Ninguém vê o que sou :
Sorrisos acrílicos.
Ironias em pastel !
sábado, 5 de maio de 2018
CORETO
Velas da noite
saem da torneira
para aquecerem as lágrimas
que limpam o meu estar.
Antes que o fumo as turve,
conto-lhes histórias
com algum sexo.
Arrumei no coreto
algumas farsas
que já não me fazem
falta.
2018Abr_aNTÓNIODEmIRANDA
saem da torneira
para aquecerem as lágrimas
que limpam o meu estar.
Antes que o fumo as turve,
conto-lhes histórias
com algum sexo.
Arrumei no coreto
algumas farsas
que já não me fazem
falta.
2018Abr_aNTÓNIODEmIRANDA
AMANHÃ,SE FOR SEXTA-FEIRA
mOLDES _sOMBRAS
lATIDOS a fUGIR
sOU uM cÃO pENDURADO.
O mARTELO dO bATE-cHAPAS
aNUNCIA o úLTIMO pLESBICITO
cREDÍVEL.
fALA cOM aS nUVENS nO cENÁRIO dOS oPOSTOS.
aMANHÃ,
sE fOR sEXTA-fEIRA,
uM pOETA cOMO dEVE sER,
eSPERARÁ oUTRO dIA.
&
oS pOETAS sABEM
qUE eSTAS hORAS,
dORMEM sEMPRE
aTÉ mAIS tARDE.
2018Abr_aNTÓNIODEmIRANDA
lATIDOS a fUGIR
sOU uM cÃO pENDURADO.
O mARTELO dO bATE-cHAPAS
aNUNCIA o úLTIMO pLESBICITO
cREDÍVEL.
fALA cOM aS nUVENS nO cENÁRIO dOS oPOSTOS.
aMANHÃ,
sE fOR sEXTA-fEIRA,
uM pOETA cOMO dEVE sER,
eSPERARÁ oUTRO dIA.
&
oS pOETAS sABEM
qUE eSTAS hORAS,
dORMEM sEMPRE
aTÉ mAIS tARDE.
2018Abr_aNTÓNIODEmIRANDA
MUDAR DE CAMINHO
Dizem
Que tenho de mudar de caminho !
… Mas eu nunca
Poderei deixar
A minha alma
Sozinha !
Que tenho de mudar de caminho !
… Mas eu nunca
Poderei deixar
A minha alma
Sozinha !
aNTÓNIODEmIIRANDA
Jack Kerouac / Beatniks
The Last Gathering of the Beats. City Lights Books, 1965.
Front Row (L to R): LaVigne, Murao, Fagin, Meyezove (lying down), Welch, Orlovsky, Homer.
Second Row: ...Meltzer, McClure, Ginsberg, Langton, Steve, Brautigan, Goodrow, Frost.
Front Row (L to R): LaVigne, Murao, Fagin, Meyezove (lying down), Welch, Orlovsky, Homer.
Second Row: ...Meltzer, McClure, Ginsberg, Langton, Steve, Brautigan, Goodrow, Frost.
Back Row: Levy, Ferlinghetti.
sexta-feira, 4 de maio de 2018
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