7 velas para um poema.
O que o vento escreve despenteia a memória. O resto, embrulhado nas sombras vai e vem como se fosse saudade. Nada mais do que um cêntimo a nadar no bolso. Um sumo de liberdade seria bem acolhido.
Um fruto,que nunca amadurará, achado na valeta dos beijos roubados, será devorado na taça dos segredos azedos.
Alguém para nos livrar desta barca desterrada no mar das memórias sujas.
Bebemos há demasiado tempo o veneno dos sorrisos ocos, mastigamos olhares peçonhentos entregues pelo carrasco dos costumes.
Duvidamos que algum céu,mesmo de azul mal pintado, esteja à nossa espera.
O tempo, este verbo que tanto nos desespera é uma roda apressada,foge sem nunca respeitar a nossa demora.
E este chão que nos engana,esculpido em veludo azul,não é de confiar. Enlouquece-nos sempre que lhe apetece com sádicos abraços, oferecidos a preços de saldos de fim de estação.
Adormecemos com pedras na mão, um coração de filigrana arrependida, uma réstia de esperança demasiadamente usada em vão.
No velho banco do jardim contamos as histórias do azar, mas, elas há muito tempo fugiram da pele.
A paixão dos amantes incorrectos arde no velho entrudo das recordações falidas.
Não me lembro dos meus sonhos...
,2020Set_aNTÓNIODEmIRANDA