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quinta-feira, 18 de maio de 2023

NO PALCO DOS SONHOS


ACTO1


No intervalo do ápice
saltita a vírgula apressada
que perante a ausência do aplauso
faz uma pausa agradecida
ensaiando vénias fora de uso.
O público humedecido
sai pela porta do fundo
levando escondida
a récita que o emudeceu.
Nada disto constava no cartaz
nem tal foi aflorado na conferência de imprensa.
A crítica sabiamente enaltece
a falta de interesse
abundantemente manifestada.
No teatro vazio
fantasmas nostálgicos
brincam com as mais loucas coreografias.
No palco dos sonhos
baratas julgadas tontas
podem agora jogar ao berlinde.

ACTO2

Acordou a máscara.

Pendurou a maquilhagem.
Farto de ser ele próprio
vestiu a personagem para que tudo
voltasse ao princípio. 
Aliviado
cortou a cena em pequenos actos
e cozinhou com todo o amor
a sopa dos pobres.


ACTO3

3 pancadas

atingiram a sua fé!
Nunca mais voltou a ser o mesmo.



ACTO FINAL

Correu-se o pano,
que foi dobrado em mil mortalhas.
Congelou os soluços
que escorriam pelos pulsos.







,2017,mai_.aNTÓNIODEmIRANDA

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