Só resta de ti o vazio e o espaço que ele já não ocupa. Não há lugar para tentativas, tudo foi bem entendido. A memória foi embora levada pelo estafeta da desolação. Já não me é estranha esta solidão. A vida é como uma folha de cálculo: não se pode errar as fórmulas. Sentado, contemplando o circo dos porcos, espero a ajuda do sacana por mim inventado. Não consigo ainda compreender as piadas estúpidas dos palhaços mascarados, numa tentativa inútil de disfarçar a sua condição. Estendo-me num banco do jardim, fecho os olhos e pinto o sol de vermelho, esperando que qualquer pássaro curioso, não borre o meu quadro. Evidentemente não resisto á lambidela do cão. Ausento-me o possível. Atenção o sonho que quero vai começar. Eu sei que mais ninguém o vai ver. Estou num piquenique celestial. Como sempre deus está ausente! Ontem deitou-se tarde: esteve a ouvir Stones com um amigo. Gosto do sabor destas nuvens embora ninguém me tenha avisado que Groucho Marx continua a fumar charutos de erva. Miró diverte-se a pintar o fumo. Harpo ri harpamente. Bogart não pára de apalpar a Lauren Bacall. Marlon Brando penhorou o "oscar" para comprar terra para os índios.
Hoje há mil festas por minuto. Desta vez vou tocar com Muddy Waters e John Lee Hooker. A minha guitarra está ansiosa e a harmónica está a fervilha. Porra, amei a vida toda para este momento! Jim Morrison vai ter de esperar. Janis Joplin comeu um dos meus poemas e olha-me com malícia. Pergunto-lhe se quer mais. Michael Karoli não consegue esconder a surpresa e toca beatnikcamente “ you doo right ”. Não tive vergonha e declarei-me á Amy Winehouse: ”I know, you´re good” .Adormecerei dançando apaixonadamente com um anjo: CAN - Tango Whiskeyman. Obrigado cogumelo mágico.
2014.antóniodemiranda
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