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sábado, 13 de maio de 2023

AINDA HÁ MUITOS POETAS DISTRAÍDOS

Coloco a cabeça no lugar
e perfumo os sovacos como aprendi na televisão.
E num estrugido feito em chama lenta,
salteio palavras que nunca escreverei.
A conexão entre o meu cérebro
e o aparo da caneta,
tem muitas vezes falhas no servidor.
Tente outra vez.
Está escrito na mensagem que não solicitei.
Desligue e volte a ligar.
Como se isso fosse fácil.
Mas eu só sou um poeta
sem a mínima ambição tecnocrata.
Não uso máquina de barbear
nem frequento as lavagens automáticas
para aparelhagens dentárias.
Sou mais pela utilização da insensatez
que sabiamente me afasta
das bermas da normalidade.
Bebo pouco zelo no whisky
e amparo o guarda-chuva
para jogar pénis de mesa.
Dobro folhas dos livros
com a pacífica intenção de as violar.
Organizo estes crimes na perfeição
e alfabeticamente desenho  um conspirativo manual
cientificamente guardado
na prateleira F, do corredor O, nível D, Sector A.
Por acaso, não tem tido lá grande procura.
Ainda há muitos poetas distraídos.

 

Melides,2016,07aNTÓNIODEmIRANDA
 


 

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