e o heróico suor que lhe molhava o sax
abria-lhe continuadamente portas
para que ele pudesse voar sem rumo.
Charlie tocava,
tocava uma música que chorava a alma
nunca repetindo obediências
para só ser aquilo que pensava.
Charlie deslizava nas chaves do sax
praias que ele próprio sabia
nunca iriam acontecer.
E era o momento em que os anjos
deixavam de ouvir deus
Charlie tocava com todo aquele suor
que embalava a dor de nunca ter sido
aquilo que os outros pensavam que era normal.
Charlie não era um pássaro vulgar.
Quem o poderá culpar
por ter nascido com asas diferentes?
Charlie detestava o Parker.
Pensava que o enganava quando Charlie
se distraía com agulhas enganadoras.
Depois da colheita acabavam sempre
por se abraçar no jazz.
The Bird foi o meu primeiro camarada nesta música. Apresentei-o sempre aos meus amigos sem qualquer laivo de vergonha sem a mínima preocupação.
Gosto muito.
E conservo religiosamente esta admiração.
Charlie ofereceu-me milagres.
Peço desculpa, mas nunca os irei entregar.
2016,09aNTÓNIODEmIRANDA
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