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quinta-feira, 20 de outubro de 2022

O TEMPO DA CANÇÃO FELIZ

 

Guardava sempre no bolso aquela ideia que constantemente lhe fugia da cabeça. _Encostado à parede das sensações saborosas, enroscava o carinho que vestia os seus passos. _Depois, sentado na espera habitual, mirava a própria sombra que lhe mostrava o caminho. _Serrava o olhar num assomo de respeito, e desenhava na memória a estrada que lhe apetecia. _Nunca olhava para trás._ Seguia página a página, a estrela que um anjo, há muito tempo pintara._ Leu de relance os livros que lhe forraram a vida, e num ápice majestoso, abraçou os blues que lhe vestiam a pele._ Pegou em si, com toda a precaução, e seguiu na companhia do tempo que tanto o estimou.


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