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quinta-feira, 13 de outubro de 2022

ARRUMAR A GAVETA

 

Ir sem voltar,
partir ao meio
sem receio,
o podre da vontade
e diluir 
no suspiro
mesmo mentiroso,
a mínima serenidade
com que julgamos
despertar o relógio.
Sentir
um outro modo,
arrumar a gaveta
com um aceno breve
para que  fique
a distância que quer fugir.
Voltar não faz sentido,
quando o ir é um verbo obsceno.
Ir e voltar, 
ao lugar,
sem lá estar.

,2017dez_aNTÓNIODEmIRANDA

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