Vai-se sem voltar naquele apetecer que engana. Não há longe no baixar da bandeira, já não se acena aos sorrisos dos livros que nunca se cansam de nos deitar. Ergue-se a vontade moribunda no usual estertor. Ignora-se o que somos! Tenta-se apagar o incómodo que a covardia da velha voz entrega. Saudades do silêncio. Que luz poderá abraçar a réstia da sombra desejada? Rios de abandono deitados na bandeja dos despojos. Mar de ruínas! Nódoas de cansaço tentam iludir o abismo que nos traga. Mas há um circo vestido de fantasmas, árvores de pele tisnada escondidas na solidão do império dos heróis que falharam. Não há tempo! Unicamente mentiras com perfume comprado em 2ª mão. Todos sabem onde se esconde a espera da sorte, lá no covil das portas secretas. “ NO FUTURE” deseja-nos a latoaria do desdém. Funeral à vista num mar encenado e o arfar insinuante promete um compromisso continuamente adiado. Retira-se da tomada o cabo do optimismo. Acende-se o comprimido (é proibido fumar). Dizem que nos estimam os que nunca conheceremos. Aproveitem! Uma mentira valerá sempre mais do que a falsa consideração. Não se encontra o abrigo. Aqueles de quem gostamos vestem peles ausentes. Um passo. Mais um, sempre a cambalear. O possível é uma montanha congelada. Vende-se o mundo numa epifania fraudulenta.
Enriquecem com a dor que tatuam. Tudo controlado para não ligar à pobreza que nos entregam. Todos o sabem, (menos nós). Amanhã, talvez, será sempre aquele estar aninhado no acaso. Já não se aspira o cheiro do prazer sem tempo para acontecer. Emoções, abusadas pelo adormecer do cansaço, escrevem no repetido despertar pecados abençoados trazidos pelo uivar do vento. Todo o tempo passa, ainda que os anos treinem a mentira com o mais ignóbil dos significados. Até ao fim! Acompanha-nos a pequenez dos passos que concebem a ruinosa misericórdia. A vida num só dia será sempre uma apetecível promessa. Morrer ainda é mais barato do que a vida que nos consome. Não sabemos que estrada nos tenta encontrar. Estamos confortavelmente solidários no meio do caos. Cama de seda defunta, sagrado ungido expulso compulsivamente do fundo mundial do respeito não comparticipado. O amor dói. Carimba cicatrizes e entrega porta-a-porta ramos de condolências malcheirosas para consolar a nuvem dos sonhos queimados.
Eu?
Não estou bem nem mal.
Este haver já não me pertence.
,2023Out_aNTÓNIODEmIRANDA
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