Não podes conduzir o meu desgosto nem sequer impregnar qualquer sentido para além de toda a espera com que me construo. Não vivo a consignação. São repetidos e sem nenhum gosto estes gemidos com que cozinho multiplicações de somenos importância. Sente-se o teu olhar bafiento mal escondido nas lentes escuras que reflectem o leque da mentira. Não são assim os dias que acordo quando agarro as possibilidades que me compõem. Não é o teu trote de hospedeira nem o cheiro de um perfume imbecil que me incomodam. A nulidade é o fruto que trazes sempre na mão como se a felicidade tivesse hora para acontecer. Não interessa o tamanho quando a intenção é sempre menor. Deitas o tempo do nunca num depósito que ninguém esvazia. E ao volante do cabriolet nem o trânsito diriges. Constróis uma área inactiva onde passos ensaiados marcam a nudez de um rasto gasto pela tua constante agressão. Seria mais fácil uma opção mesmo violenta para que a dor também não fosse passageira. Estou no autocarro, numa fila alheia à minha vontade, envolto em conversas sem circunstância e dedos riscando no teclado palavras demasiado fáceis de escrever.
Quanto mais dias nos dá o tempo, mais significados nos rouba.
E isto não é uma vulgaridade de base.
2016,05.aNTÓNIODEmIRANDA
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