Vou indo.
Correndo sem pressa,
num aperto leve entregue por um estafeta desesperadamente à procura de uma epístola acolhedora.
Sonho não previsto,
promessa de amor enfeitiçada nos braços imaginados.
Indo por aí,
disfarçando o cansaço,
risco todos os nomes do abandono.
Aqui, a tentar colorir o céu,
procuro memórias nos poemas
que por falta de ousadia,
não consegui escrever.
Sim!
Por vezes sou um percalço no embrulhar
do presente que quero esquecer.
Carrego as contas do desalento
agarradas a este andar.
Vou indo por aí.
Devagar, que a vontade não tem pressa.
E no olhar com que me vêem,
aqueço na colher dos desejos proibidos,
a espera da felicidade mentirosa.
Vou indo por aí.
Acariciando rugas com o pesar de todas as ausências.
Anda triste a estrela atrevida.
Não beija as sombras,
nem escreve no arco-íris
o segredo que tem para mim.
Continua difícil o caminho.
Vou indo...
devagar, amaciando recordações, desfolhando angústias nos dias deste Outono
cada vez menos acontecidos.
Vou indo por aí.
À procura da porta dourada
do crepúsculo da minha realidade.
Aguardo nervosamente as melhoras da esperança. Preocupado com a mísera cotação
na bolsa das boas intenções,
desprezo a intuição que duvida da minha certeza.
,2021Outubro_aNTÓNIODEmIRANDA
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