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domingo, 8 de outubro de 2023

LÁPIDE LISONJEADA

 


Nikita usava uma sombra azul 
que encobria a ousadia do andar.
Tentava de vez em quando 
um sorriso peculiar só para disfarçar 
o enfado daqueles que a miravam.
Cansada do desejo sem jeito 
embarcou na ilusão pensando 
que iria alcançar outro lugar.
Nikita na pele de espia do amor agreste 
acendeu a lareira 
e nela sossegou o catarro.
Tentou mudar de sexo 
mas a opção de nada lhe valeu.
Nikita escreve agora poemas 
numa lápide lisonjeada 
onde cães poetas evitam alçar as patas.



,2017nov_aNTÓNIODEmIRANDA


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