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terça-feira, 29 de agosto de 2023

A INCONTORNÁVEL BELEZA DE ME PERDER

 


Não assino desculpas para este encostar do tempo 
que abandona solidões nas costas. 
Ousei mandar a esperança escondida 
nas garrafas que esvaziei. 
Esperei, nas mais tristes madrugadas, 
um sinal, mesmo sem sentido, 
que confortasse a mais doída das despedidas. 
Tudo foi apunhalado, neste desgosto 
escrito no novelo mentiroso. 
Caminho no deserto das ideias válidas, 
carimbando mágoas bordadas a ponto-cruz. 
Limpo o desejo a guardanapos tão gastos 
como as minhas sujas recordações. 
Vou fugindo, não tão rápido como desejo, 
da sombra que pinta desgostos.
Um destes dias, terei de aprender a voar.
Preciso urgentemente de assassinar 
o encanto da lua.




,2020Mar_aNTÓNIODEmIRANDA

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