Impreterivelmente mais minuto menos bocejo
acendia a net e afagava o instrumento
enquanto surfava aquele canal
fiel depositário da sua impotência,
onde via aquilo que nunca foi capaz de fazer.
Sorridente comentava com os amigos,
é pá estou velho, agora só dá para ver.
Claro que quando era novo,
julgava que qualquer disfunção era normal.
E chorava embora nunca tivesse compreendido
porque o pai batia sempre na sua mãe.
Pensava que era sexo e a partir daí jurou para si próprio
que nunca iria fazer coisa tão suja.
Nos convívios do liceu só dava nas vistas
porque era o único que conduzia o carro do pai,
paga com que este o preparava para a tareia matinal.
E
julgava que aquilo que não lhe pertencia
era sempre feito da forma errada.
Deitava-se com almofadas empanturradas nos ouvidos,
enquanto o pai se vinha com a criada.
2016,08aNTÓNIODEmIRANDA
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