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quarta-feira, 24 de abril de 2024

OS BONS VELHOS TEMPOS NUNCA MAIS CHEGAM!



         Estou farto da confusão nesta velhice de veias entupidas. Esta lâmina não presta. Eu não quero voltar. Sou um galo velho que já não encontra o poleiro. Não confio no azar, mas também nada sei da sorte. Salto aqui e acolá com um imbecil bilhete pré-comprado, que uns dias aparece, e nos outros, manda-me à merda quando lhe apetece. Chamo a patrulha da traiçoeira lotaria, apodrecida no albergue da morte anunciada. Não gosto. Recuso sempre os abrigos que me oferecem. 
Sou um oásis naufragado num alguidar de lama, supostamente perfumado com o falso sabor da liberdade. Emoções perdidas deitadas na sombra dos abraços. Despeço-me de mim. No colchão de magnólias há um espião tecendo a teia, que observa a baboseira das minhas orações. 100 Anos de vida, promete a pulseira da liberdade ocasional. A fúria doente, cansada da minha indecisão, esconde-se num pijama que ostenta uma etiqueta duvidosa. 
“Nada faz sentido nem o sorriso que mostras
                no relógio.
                Nas pregas do teu olhar, vejo agora essa dor 
                  que só te enganou nesse aperto traiçoeiro 
                    que prometia o que querias conhecer.”



,2021Julho_aNTÓNIODEmIRANDA
poemanaalgibeira.blogspot.com

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