Na 7ª hora
No 7º dia
No 7º mês
A cigana da sina infalível disse-me com os dedos cruzados que a minha mentira afinal seria possível. Ofereci numa generosa moeda o número do telefone do destino que ainda não encontrei. Olhou-me como se não me visse alargou as asas queimou a saia comprida e só depois se despediu.
Assim como quem retorna ao céu.
Não sei onde estive sentado.
Perdi a vez. Levantei-me supostamente na direcção do abandono que me levaria a casa. Esperei as horas dignas no degrau daquela felicidade que tarda a chegar.
Pássaros tristes voam desesperadamente desenhando na gaiola a obscena liberdade. Neste jardim calcado por passos que possivelmente me pertenceram olho indiferente para lágrimas que secam flores.
Dispo a memória. Aqueço o desejo.
Ensaco-me no pijama do nojo mas já não consigo prometer-me que desta vez será a sério. Apago o candeeiro enjoado do abat-jour que só quer dormir e que nada se importa com a minha mais pequena significância.
Fecho os olhos com a suposta alegria dos beijos sem tempo e regresso ao futuro por mim sempre pintado.
Nada mais me importa…
,2019mai_aNTÓNIODEmIRANDA
poemanaalgibeira.blogspot.com
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