Nem sempre vejo o fumo das estrelas
nesta loja que me desampara a vista.
Percorro os caminhos amparado a uma bengala incrustada com aparições coloridas.
Sei de um sonho que me foge e algo sobre os passos que molham esta janela artificial.
Sei algo mais, cada vez mais afastado de mim,
como aquilo que desejei ser, não passe agora
de um incómodo sem sentido.
Sei de um pulso laminado em brechas pintadas muitas vezes com a cor do sangue.
Sei de todas as vezes que caí na tentação
de lavrar significados que continuam a fazer toda a lógica.
Sei alguma coisa dos frios e do tempero das lágrimas nesta salmoura escondida.
Nem sempre vejo o cair das estrelas
nem sinto já o calor que aquecia o desejo inerte nesta cama com o namoro ao contrário.
O olhar fica curto nesta aparência humedecida
que embacia os óculos que só lêem palavras molhadas.
Sei algo das feridas e do seu cortante sabor
com que alvejo palavras tão inúteis como eu.
As portas vão-se fechando fartas de intenções agredidas.
Todo o cuidado
é agora mouco.
,2017,abr_.aNTÓNIODEmIRANDA
poemanaalgibeira.blogspot.com
Sem comentários:
Enviar um comentário