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quinta-feira, 4 de abril de 2024

A FÁBRICA

 Ficava triste, 
mas nunca invejou o Bentley do patrão.
Agarrado à máquina, 
lá na fábrica, dois euros à hora, 
aquilo que lhe diziam valer, 
continuava a obra. 
O ordenado, quando pago, 
nunca chegava. 
E ansiava pelo fim do dia, 
que já sabia, em nada seria diferente
dos outros, que tanto lhe doeram. 
Nunca comprometeu a produção, 
nem a contínua avaliação. 
Chegava com a fome a casa, 
onde muitas vezes,
nada havia para comer. 
Deitava-se sempre com uma voz, 
que constantemente o atropelava, 
dizendo-lhe:
Isto é mesmo assim, 
foi sempre assim, 
o que se há-de fazer?


,2016 aNTÓNIODEmIRANDA
poemanaalgibeira.blogspot.com

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