Aconchego no queimar do cigarro cumplicidades
com sabores do fim que a vida vai desenhando.
Nunca fui herói nas primaveras que gastei,
nos outonos queimados só para incendiar invernos
que abriam os dias da minha presença
com histórias mal contadas,
lérias sem piada e uma vontade cada vez maior
de fingir a mentira.
Agora beijo este catarro com o devido respeito
e tusso esta gratidão longe do alvoroço da minha culpa.
Quando me perguntam para onde vou,
não cumpro a promessa que fiz do meu caminho.
Não sou o comandante.
Mas mantenho a confiança no meu eu marinheiro.
Não tenho lua nem mar.
Sou guiado por um ébrio farol com anzóis de fantasia
e um convite ansioso
que me promete outra rota.
2016,11aNTÓNIODEmIRANDA
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