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quinta-feira, 10 de novembro de 2022

SE EU PUDESSE PASSAR PARA ALÉM DE MIM

Já não te vejo na rua e os pássaros queimaram as asas de tanto te procurarem. Há um risco de sangue no lugar do teu sorriso, e o meu andar velho e cansado, esqueceu a música que tocavas para mim. Nada sei deste sentimento que esconde a criança que costumava ser. Não gosto de consensos nem das ocasiões especiais, exibidas com lantejoulas tão falsas como os aplausos que morrem antes de nós.
Longe, é o caminho mais próximo para quem já nada espera. Nunca, é o cobertor daqueles que cortaram nos pulsos a prometida ventura, dos que não impugnam a única certeza que lhes é permitida: a morte.
Nada faço no meio dos pobres princípios, que só mostram um lamento indecoroso, que finge a mais vil preocupação.
Há uma voz que espalha brinquedos ferrugentos, que se escondem debaixo da saia da rainha que fugiu do tabuleiro. Cá em baixo, ensaboam-se vaginas, com sons elaborados por um dj especialmente convidado para a sessão contínua da felação celestial.
Não tenho medo de dormir, nem das histórias dos anões da minha garrafa de jack daniel`s.
Toda a gente diz que quando me ofende,
não é para bater.
Sou só um homem, sem palavras para dizer, um fugir sem fim, cansado de ouvir falar que talvez fosse uma boa pessoa.
Se eu pudesse
passar para além de mim,
ter finalmente pássaros nos meus ombros,
olhar sem a dor das lágrimas...


2018Nov_aNTÓNIODEmIRANDA

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