Dói quando a última pele da noite se vai desenrolando, e nela já nada está escrito.
Já não queima a memória.
Já não te faz sujar os olhos. Dói quando te magoas em todos os despertares na única coisa que é real.
Dói quando nada consegues apagar.
Dói como se fossem picadas, os passos, naquela estrada que pensavas nunca mais iria acontecer.
Dói tudo!
Dói a alegria que imaginaste nunca te iria abandonar.
Dói até ao fundo, a coroa de espinhos quando pegas na guitarra, e não consegues tocar a música preferida.
Dói!
Dói sempre!
Cada vez mais.
Dói esta distância sem conserto, vidrada com pensamentos quebrados, que nos fazem sentir um outro que não nós.
Quando todos se foram embora, e agora só podes apalpar sentimentos desaparecidos, deixando manchado um tempo que já não é teu.
Dói, quando gotas estranhas de uma chuva triste, encharcam uma despedida sempre presente.
Dias que não te deixam ir.
Dói quando o amor que te é devido, já não te reclama.
Quando ergues as mãos, na última espera daquele que nunca esteve presente.
Tanto te magoaste para seres o quê?
Uma sombra fiel depositária da vulgaridade.
Dói!
Dói sempre!
Cada vez mais.
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