Pesquisar neste blogue

quarta-feira, 16 de novembro de 2022

O HÁLITO SALGADO

 

Está frio no meio do meu sonho.
A pele estica-se fora da dor,
fugindo do sangue atropelado 
pela lama da vida.
Tenho na mão
o hálito salgado 
dos tempos morridos
desta espera constante.
Não posso pedir ajuda
a esta importância que me julga,
neste cambalear
com que embalo o meu vazio,
pensando iluminar as agruras
onde tanto me desanimei.
Estendo sorrisos
como se a eles alguém acenasse
e assim me envolvo em bolhas de sabão.
Vou passando em todas as ruas
como a areia do deserto
que sobrevive à falta da mais pequena ternura.
Chego sempre cansado
demasiado cansado
carregando o peso da minha ausência.
Descalço o olhar
escondo o desejo
alisando a memória
nas ilustrações esbranquiçadas
da minha ilusão.
Infinito é o bocejar do meu passado
feito com o polimento das pedras
que me atiraram.
Continuo apartado.

...depois de todo este tempo.

,2017jan_aNTÓNIODEmIRANDA

Sem comentários:

Enviar um comentário