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terça-feira, 29 de novembro de 2022

FUCK-MAIL

 

Ossos nas esquinas.
Coletes escondidos.
Cães de palha amansando latidos.
Onde se esconderam os sossegos sem medos que fintavam a tristeza?
Navegam arrependidos na barca das vidas não salvadas, e pintam bouquets enlatados na náusea, que nos traga a alegria.
Um final feliz, fica tão longe do nosso olhar, e as fintas que consolam a mentira, enfeitam maldosamente o porta-chaves da esperança.
Há agora, um silêncio magoado que dança a noite da solidão.
Está tão áspero este caminho, sem poetas com fé na esperança que prometeu nunca os abandonar.
Guardam-se numa máquina de escrever, sem histórias para contar, os abraços das folhas caídas.
Uma ideia sempre optimista.
Um nó para apertar, uma constelação constipada, e, um agradecimento timidamente arrependido.
Alguém vomita poemas contra a própria sombra, e na bebedeira do desgosto, implora a urgente significação da sua não identidade. Mas, Ele, ocupado como sempre, deixou uma mensagem no “fuck-mail”.
Os ossos cansados,
albergaram-se numa pilha.
Têm frio!
Puta que pariu a avaria no incinerador!


2018Nov_aNTÓNIODEmIRANDA

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