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segunda-feira, 19 de junho de 2023

O CÉU NÃO É LUGAR QUE ME ESPERE

 

O céu não é lugar que me espere.
30 cêntimos na algibeira 
uma harmónica enferrujada
guitarra velha companheira
de uma alma envergonhada
& Blues que choram comigo.
Estou no caminho da tristeza
com curvas sexy 
e doces olhos cor de fel
escorrendo numa escala atrevida
o olhar que de mim se vai despedindo.
Noites enroladas em bancos de jardim
um saco pesado com nomes
um quadro escrito que pensava 
que tinha o tempo na mão
e memórias alisadas com folhas 
de lixa de água. 
Eram os meses com manhãs obrigatórias 
em que encharcava a barba mal parida 
com ternuras de Old Spice.
Risca ao lado para disfarçar o enfado 
gravata com nó elástico
e um caminhar absolutamente absurdo 
para encher de frustrações 
o depósito diário de 7,35h.
O céu não é lugar que me espere.
Repito nestes velhos acordes
um voo para nenhures
até que não sobre um osso desta tristeza.

2017,ago_aNTÓNIODEmIRANDA




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