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sexta-feira, 2 de junho de 2023

BLACK MAMBA

 

Ouço passos nesta lembrança que só esquece, 
e me vai abandonando num rodopiar de truques encenados num filme antigo.
Onde estão agora os que se enganaram no destino?
A varrer o medo com uma vassoura mentirosa
ou talvez a pintar o silêncio nas janelas
com vidros bordados a ponto cruz.
Rosas com espinhos tristes 
açoitam a dúvida dos seus rostos 
e sentados na cadeira do esplendor 
prometem apontar na melhor direcção.
Já nem sequer é uma alucinação.
A ferrugem nunca dorme. 
É o modo dela temperar a pele.
Almas "zombiadas", acendem velas de aniversários nas festas soturnas com animação cultural fecundada por dj`s manetas da cabeça. 
Sequelas apressadamente limpas a seco
tentam mostrar a etiqueta da última aparição. 
Uma mão infectada estica a língua
escrevendo borbulhas na certidão de óbito.
Se calhar há coisas que acontecem fora do tempo.
Uma "black mamba" destruiria sabiamente esta mentira.
Mas isto geralmente não é como nos filmes.


,2017out_aNTÓNIODEmIRANDA

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