Pesquisar neste blogue

segunda-feira, 13 de maio de 2024

AINDA HÁ MUITOS POETAS DISTRAÍDOS

 


Coloco a cabeça no lugar 
e perfumo os sovacos como aprendi na televisão. 
E num estrugido feito em chama lenta, 
salteio palavras que nunca escreverei. 
A conexão entre o meu cérebro 
e o aparo da caneta tem muitas vezes falhas 
no servidor. 
Tente outra vez. 
Está escrito na mensagem que não solicitei. 
Desligue e volte a ligar. 
Como se isso fosse fácil. 
Mas eu só sou um poeta 
sem a mínima ambição tecnocrata.
Não uso máquina de barbear 
nem frequento as lavagens automáticas 
para aparelhagens dentárias.
Sou mais pela utilização da insensatez 
que sabiamente me afasta das bermas da normalidade.
Bebo pouco zelo no Bourbon 
e amparo o guarda-chuvapara jogar pénis de mesa.
Dobro folhas dos livros com a pacífica intenção
de as violar.
Organizo estes crimes na perfeição
e alfabeticamente desenho  um conspirativo manual cientificamente guardado
na prateleira F, do corredor O, nível D, Sector A.

Por acaso, não tem tido lá grande procura.

    Ainda há muitos poetas distraídos.

Melides,2016,07aNTÓNIODEmIRANDA
poemanaalgibeira.blogspot.com

Sem comentários:

Enviar um comentário