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quarta-feira, 15 de maio de 2024

A HORA DO LOBO

 


Na soleira da porta corto os pavios de todos os entardeceres que me trazem a hora do lobo. Pinto com sabores solidários as aldeias que me restam e mastigo ervas daninhas para não afligir a digestão. Sobra de mim o que quero para aquecer no calor da brasa o devagar que me consome. Sobrevivo na calma do tição e aqueço-me no mais provável gole de aguardente. Faz frio lá fora mas já tive Agostos mais agrestes. Respiro-me com os velhos bafos que nunca me fazem perder o caminho que pretendo. A minha tv preferida é esta lareira onde sentado no maple do branco pergamóide, aconchego certas memórias. Gostamos de estar aqui. Nada mais nos apetece.
E isso é muito mais que suficiente.
Faz frio lá fora.
Nunca será esquisito este calor.





,2017jan_aNTÓNIODEmIRANDA
poemanaalgibeira.blogspot.com

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