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quinta-feira, 2 de maio de 2024

A BANDEJA

 
Ao milésimo dia acordou.

Mandou aparar a bondade,
sentou-se na esperança mentida,
barbeou o desgosto,
pôs-se em guarda,
e, retirou do cofre 
a vacina fora de prazo.
(Sem validade
continuam os discursos da boa nova).
Mirou o Ferrari,
sacudiu o monge que fingia de motorista,
retocou o calendário penteado 
com a infâmia das expectativas.
Guardou o bolor no relicário,
longe da cobiça do olhar dos não ignorantes.
Retirou do cardápio as 
notas de um velho nojento”, 
e ensebou carinhosamente 
a paciência dos cretinos.
Rega todos os dias a bandeja 
dos desgostos que provoca, 
com vómitos cómicos.


,2020abr_aNTÓNIODEmIRANDA
poemanaalgibeira.blogspot.com

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