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terça-feira, 28 de novembro de 2023

ABRAÇAMOS O MESMO ENGANO

 


Sentou-se ao meu lado a pintar curiosidades 
num pantone sem fé alguma.
Algumas cores conseguiram fugir da vida 
triste 
que ele queria contar. 
Segredos atentos desataram palavras 
e caiaram o oceano do amor 
sempre tentado, 
com novas tonalidades. 
Mostrava um sentido sem caminho, 
aquela dorida gargalhada que fugia 
do  pincel.
Na tela do seu olhar, já não havia o sorriso
com que tentava enganar. 
Não fujas de mim, 
suplicava a manhã aflita, 
ainda adormecida no meio da torrada.
Nos azuis sem rasto, 
sonhava o que pensava,
mas nada, nada do que imaginava 
ainda restar, poisava nos seus ombros.
A ousadia do seu eu, 
embelezava agora o lugar 
onde não podia ficar.
Sombras diluídas entonteciam marés 
com salpicos de lágrimas, numa deriva 
que escondia para sempre, 
um cachecol com o seu nome.
Já não havia o sorriso para enganar.
Não fujas de mim, dizia a voz 
das celebrações ocasionais, 
saída de um bocejo mentiroso.
Sentou-se a meu lado.
Abraçamos o mesmo engano.



,2019mar_aNTÓNIODEmIRANDA


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