É numa alcofa que escondo
os silêncios
que me comovem.
Embrulho-os em tons de rifas,
para num sorteio batoteiro,
adivinhar o destino que deitei fora.
O silêncio é um lugar sossegado
que estendo na vida para o sol corar.
Afasto o tempo das horas más,
e assim, tranquilizo a esperança despida
do sentido da fé mentirosa.
Aguardo na porta ao lado,
a entrega do aviso de recepção
dos dias felizes.
O amanhã está escrito num calendário
ardiloso, ilustrado com palavras
que não conheço.
Tropeço na luz da pálida angústia,
e desligo a memória antes de acordar.
Bem-vindo à terra dos patetas!
É o que está escrito no tapete do paraíso.
Volto atrás sem sair do mesmo lugar.
Enganei-me na matrícula do sonho.
A realidade está noutro filme.
2018Nov_aNTÓNIODEmIRANDA
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