Satisfaçam a minha alma.
Deixem uma agonia perfeita,
Deixem uma agonia perfeita,
os sonhos que me roubaram,
o nome com que me engano,
só um dia bom embrulhado
nos abraços verdadeiros,
mesmo um momento
que me faça esquecer de mim mesmo.
Um desassossego,
Um desassossego,
para fingir que não escuto
uma consciência apodrecida.
Um sopro que afaste esta tristeza
Um sopro que afaste esta tristeza
sem luar para desaguar.
Leio nas veias um apelo
Leio nas veias um apelo
que não conheço indicado
pela sombra dos passos que perdi.
Estúpida memória que aperta os braços,
Estúpida memória que aperta os braços,
fazendo de mim o mendigo
dos afectos que há muito deixaram
de me impressionar.
Percorro-me nesta corrente de lágrimas,
Percorro-me nesta corrente de lágrimas,
agarrado ao laço da angústia,
enquanto choro versos à deriva.
Ergo para o céu todas as iras,
Ergo para o céu todas as iras,
esfrego no peito cheiros de nojo,
ajoelho e entrego com a nulidade da fé,
a bênção dos dias felizes.
No conforto deste canto
No conforto deste canto
nada mais me apetece pensar.
E também não quero falar disso!
É sempre o mesmo pecado
E também não quero falar disso!
É sempre o mesmo pecado
que teima em deitar-se comigo.
,2020Nov_aNTÓNIODEmIRANDA
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