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sexta-feira, 20 de janeiro de 2023

NUNCA QUIS SER SÓ UMA COISA

 

Se encontrares a minha coleira, não penses que a abandonei. Estou numa estrada anónima que conta histórias para me animar. Não sei que horas me faltam para chegar à felicidade. Não dou valor nenhum àquilo que de errado fiz, e, emendar hipóteses falidas, é uma ocupação que não me seduz. Estou no desemprego desse tipo de atracções. Nunca quis ser só uma coisa, nem completar a importância do nada. E no sonho que um dia me irá deixar, ficar por fim nos voos do sossego, como se fosse viajando escondido nas asas do desejo. Agora que o resto é o presente que me abraça, escondo o futuro no buraco da agulha, sempre pronta a infectar a minha vontade. Lágrimas derrotadas choram no vale das perspectivas selvaticamente feridas. Não posso gostar deste filme!
Recuso rever-me no écran, que sangra realidades em sanduiches com recheios de superstições malcriadas. Adormeço a luz, apago as centelhas desta maldita memória, pego fogo à ilusão.

Estou farto desta narrativa!
Prepara-te puta!
Estou pronto para matar a eternidade!

Amo-te porque não consigo odiar outra coisa.

Eu sou aquele - Que tu sabes 
- Que eu não sei.

,2020Dez_aNTÓNIODEmIRANDA


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