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Nem todo o amor é cego...
Nem todo o ódio é estúpido
São tempos difíceis
Com intervalos turbulentos
Entre amor e odiar.
Estou em off-side
No jogo do tempo
Onde já não sou.
Equação escrita numa parede
Geometria mal desenhada
Aritmética errada
Coração a sangrar
Análise não adequada.
Eu e as minhas ausências
Cada vez mais constantes.
Eu só queria
Não ser aquilo
Para que sem respeito algum
Fui convidado.
Soluços efervescentes
Chorados gota a gota
Número com muitos zeros
Que abusivamente vão cansando
A minha personalidade.
Tenho um cartão
Supostamente de cidadão
Inequivocamente
Com um só significado :
Consumidor.
Tenho passe social
Que só vale a entrada no autocarro.
Tenho boas ideias
Mas nenhuma delas
Convém á normalidade.
Tenho alguma esperança
Mas a fé já perdeu a validade.
Tenho-me a mim próprio
E alguns sonhos comprimidos
Vou escrevendo mentiras
Com alguma coisa de verdade.
Tenho pena
De às vezes não ter pena
Tenho mágoas
E o possível juízo
Tenho uma não fingida dor.
Mas tenho uma certeza:
Sei que amanhã não vou valer nada.
Nuvens negras num céu cinzento.
Como de costume, estou lixado.
Não quero mais dinheiro.
Tenho o destino furado.
,2015_aNTÓNIODEmIRANDA
No jogo do tempo
Onde já não sou.
Equação escrita numa parede
Geometria mal desenhada
Aritmética errada
Coração a sangrar
Análise não adequada.
Eu e as minhas ausências
Cada vez mais constantes.
Eu só queria
Não ser aquilo
Para que sem respeito algum
Fui convidado.
Soluços efervescentes
Chorados gota a gota
Número com muitos zeros
Que abusivamente vão cansando
A minha personalidade.
Tenho um cartão
Supostamente de cidadão
Inequivocamente
Com um só significado :
Consumidor.
Tenho passe social
Que só vale a entrada no autocarro.
Tenho boas ideias
Mas nenhuma delas
Convém á normalidade.
Tenho alguma esperança
Mas a fé já perdeu a validade.
Tenho-me a mim próprio
E alguns sonhos comprimidos
Vou escrevendo mentiras
Com alguma coisa de verdade.
Tenho pena
De às vezes não ter pena
Tenho mágoas
E o possível juízo
Tenho uma não fingida dor.
Mas tenho uma certeza:
Sei que amanhã não vou valer nada.
Nuvens negras num céu cinzento.
Como de costume, estou lixado.
Não quero mais dinheiro.
Tenho o destino furado.
,2015_aNTÓNIODEmIRANDA
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