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Vou embebedar a solidão - enervar o chicote espancar a dor - pular de sargeta em sargeta - esconder o sangue magoado - abraçar estátuas - fugir (ou pelo menos tentar) do medo - aplaudir pianos bêbados - catar línguas hereges - sossegar o cansaço - desligar o som das ausências - enterrar lágrimas roubadas.
Não cortarei delicadamente este absurdo nojento. Percorre-me um tremor com sabor a sanguessuga e pose de alegria fingida. Estou por aqui de joelhos para a incerteza - ausente para nada - mendigo sempre de mim - mesmo a vomitar nas profecias no genuflexório do jamais.
A inocência tenta entregar um consolo comprado numa venda de natal.
Há memórias que já não me aconchegam.
Horrorosamente optimista sacudo a desilusão das vozes agoniadas.
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Sete vezes (de cada vez que beijar a angústia), sete vezes ouvirei o apelo da nudez dos teus lábios. Ó deus, hipnotizador dos pecados milionários, não me rasgues a bolsa dos milagres.
Tem em devida conta a filantropia das minhas intenções.
,2023Jan_aNTÓNIODEmIRANDA
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