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quarta-feira, 26 de abril de 2023

ESTÁ-SE BEM NO CAMPO

 

A buzina do peixeiro precisa de ser afinada.
O padeiro mudou de viatura e disso se ressente a qualidade do pão.
Faltam passar 2 dos 7 carros para o fluído do trânsito ficar normalizado.
A escola há muito que fechou.
A venda também, e os idosos são cada vez menos.
A net é demorada.
Tão lenta com as horas tocadas no aparelho a imitar o som do sino há muito tempo fugido.
Às 5ªs, lá para o final da tarde, há-de chegar a carrinha da carne. Há um ou outro a comprar, que agora esta coisa dos supermercados, abanou e de que maneira, o negócio.
O vinho já poucos o bebem. Maldita coca cola!
O complexo desportivo dos matraquilhos continua com os jogos adiados.
Tem chovido muito pouco e a terra mostra nas suas rugas, a sede que tanto a magoa.
A saúde vai faltando cada vez mais, e a médica quando aparece, fala uma língua que não se entende.
A requisição dos exames está deitada no gavetão. Custam quase tanto como os remédios, 
e da vergonha da reforma, nem vale a pena lembrar.
Está-se bem no campo. 
Dizem o galo e o gato sem ração.
Lá na minha aldeia não se pode namorar.
De dia, são cães ao sol.
À noite toda a gente a ladrar.
Está-se bem no campo.
Dizem por aí, aqueles que nunca se deitaram
com a solidão.

,2017ago_aNTÓNIODEmIRANDA




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